sábado, junho 25, 2011

O SERMÃO DE NASRUDIM


O SERMÃO DE NASRUDIN

Nasrudin
(Khawajah Nasr Al-Din)


 

Certo dia, os moradores do vilarejo quiseram pregar uma peça em Nasrudin. Já que era considerado uma espécie meio indefinível de homem santo, pediram-lhe para fazer um sermão na mesquita. Ele concordou. Chegado o tal dia, Nasrudin subiu ao púlpito e falou:

- Ó fiéis! Sabem o que vou lhes dizer?

- Não, não sabemos

- Enquanto não saibam, não poderei falar nada. Gente muito ignorante, isso é o que vocês são. Assim não dá para começarmos o que quer que seja - disse o Mulla, profundamente indignado por aquele povo ignorante fazê-lo perder seu tempo.

Desceu do púlpito e foi para casa. Um tanto vexados, seguiram em comissão para, mais uma vez, pedir a Nasrudin fazer um sermão na Sexta-feira seguinte, dia de oração. Nasrudin começou a pregação com a mesma pergunta de antes. Desta vez, a congregação respondeu numa única voz:

- Sim, sabemos

- Neste caso não há porque prendê-los aqui por mais tempo. Podem ir embora.

E voltou para casa. Por fim, conseguiram persuadi-lo a realizar o sermão da Sexta-feira seguinte, que começou com a mesma pergunta de antes.

- Sabem ou não sabem?

A congregação estava preparada.

- Alguns sabem, outros não.

- Excelente - disse Nasrudin - então, aqueles que sabem transmitam seus conhecimento para àqueles que não sabem.

E foi para casa.

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O Mullá Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) escreveu, no século XIV em que viveu, histórias onde ele mesmo era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, seita religiosa ou de sabedoria de vida, de antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje. Como o budismo e o zen-budismo, o sufismo sempre aliou o (bom) humor com sabedoria.

O texto acima foi publicado no livro "Histoires de Nasroudin", Éditions Dervish, s.d., e extraído do livro "Os 100 melhores contos de humor da literatura universal", Ediouro – Rio de Janeiro, 2001, pág. 50. Organização de Flávio Moreira da Costa.

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Bjs

Bento Souto

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