quarta-feira, novembro 07, 2007

EDIR MACEDO me respondeu...

Pessoal,


O Edir Macedo respondeu e eu transcrevo, abaixo, o que ele me escreveu.
Segundo o próprio Edir Macedo diz, ele acha que não precisa se justificar.
Ou seja, Edir Macedo acha normais os sinais de enriquecimento ílicito que ele próprio apresenta. Isso significa que ele só se justificará se a Justiça assim o exigir.

Ele disse que eu devia tirar minhas próprias conclusões. Eu tirei.

Todavia, o que me espantou foi constatar mais uma vez a quantidade de gente enganada que acha que não se deve fazer nada contra ninguém que seja religioso e cuja instituição tenha o nome de Jesus na placa. Em minha opinião, isso é apenas a continuação da safadeza que rola na política brasileira.

Da mesma forma que políticos pegos com a mão na botija apelam para a "perseguição política da mídia" em suas defesas, os religiosos corruptos fazem a mesma coisa, apenas eles apelam para a perseguição religiosa e para a falsa imunidade concedida aos "ungidos do Senhor".

Contudo, como muitos me escreveram pedindo que eu lhes enviasse a resposta do Macedo... segue aí a "resposta"... rsrsrs

Tire você também suas próprias conclusões


Bjs Bento Souto
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Fale com Bispo Macedo <falecom@bispomacedo.com.br>
responder a falecom@bispomacedo.com.br
para Bento Souto
data 05/11/2007 12:33
assunto RES: CARTA ABERTA AO EDIR MACEDO

Resposta do e-mail recebido em 31.10.2007.

Prezado Bento,
Quanto a meu respeito, não preciso me justificar, portanto, tire você mesmo suas próprias conclusões.
Que Deus abençoes.

sexta-feira, novembro 02, 2007

DENÚNCIAS SÃO DE UM "CACHORRO MORTO?"

Queridos,


Reconheço que muitos acham que as denúncias feitas pelo meu amigo Caio Fábio, em um vídeo que foi gravado em janeiro desse ano (2007), e que está circulando na Internet apenas uma parte dele – a entrevista toda tem mais de duas horas de duração – é fruto de um espírito amargurado. Alguns acham até que o Caio disse o que disse sobre alguns líderes evangélicos porque está com inveja e que gostaria de ter o espaço que esses líderes desfrutam, atualmente.

Outras pessoas defendem que mesmo que as acusações que o Caio fez sejam verdadeiras, ele não deveria fazê-las, pois, isso denigre a imagem da igreja por quem Cristo morreu. O curioso é que essas mesmas pessoas não vêem nenhum problema em que se acusem padres de pedofilia, rabinos de roubar gravatas etc. Ou seja, só não se pode falar dos “podres” que acontecem nas igrejas ditas “evangélicas”.

Muitos outros dizem que o Caio já foi muito usado por Deus, no passado, mas que agora, depois de “caído” (uma expressão muito usada por eles), ele não deveria dizer mais nada, pois tudo que diz apenas demonstra que ele se tornou em “instrumento do diabo”; e que o melhor que o Caio poderia fazer, hoje, é ficar calado.

Por causa dessa má compreensão por parte do povo e, principalmente, por um dos acusados, Silas Malafaia, dizer que “não responde a cachorro morto, falidos espirituais, etc” é que eu resolvi vir a público fazer o que o Caio diz não ter a menor disposição de fazer. Ou seja, desejo mostrar a todos que o Caio dizia isso tudo que disse no vídeo de janeiro/07 há pelo menos dez anos atrás, portanto, quando ele era o presidente da VINDE, da Fábrica de Esperança e da AEVB (Associação Evangélica Brasileira) e, segundo essas mesmas pessoas, abençoava muitas pessoas.

Desse modo, tudo que você vai ler a seguir foi escrito pelo próprio Caio Fábio quando lançou o livro “Confissões do Pastor” (Editora Record – 5ª. Edição – 1997). Ou seja, muito antes da relação adúltera do Caio e do Dossiê Caimã ou de qualquer coisa que pudesse denegrir sua imagem.

Mais ainda, faço isso para que você possa ver as semelhanças entre o que aconteceu há mais de uma década e o que está acontecendo agora. O cenário dos acontecimentos descritos a seguir se deu durante a “Primeira Guerra” entre a TV Record e a TV Globo; e entre o Caio Fábio e o bispo Edir Macedo, primaz da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). Daqui por diante, eu transcrevo partes do livro e você tire suas próprias conclusões.

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Com o anúncio na mídia de que a Rede Globo lançaria uma novela que seria uma caracterização de Edir Macedo e sua igreja, a Universal iniciou imediatamente uma ação no sentido de estabelecer um enfrentamento. O problema é que assim fazendo eles vestiram a carapuça. Quando espernearam, o Brasil inteiro disse “Serviu.” Ao perceber o erro de marketing que haviam cometido, mudaram brilhantemente a estratégia.

– Essa novela é uma agressão a toda a Igreja Evangélica. Temos que nos unir e lutar contra a Globo porque esse é o início da perseguição contra o povo de Deus – disseram eles no programa 25ª. Hora e em suas mídias, especialmente o rádio.

Eu já havia me posicionado contra a inclusão dos pastores evangélicos no estereótipo do tal pastor Mariel, de Decadência. Que há muitos Mariéis disfarçados de pastores, não há dúvida. Somente um ser muito estúpido ou radicalmente fanatizado poderia ter a coragem de negar esse fato. Entretanto, os Mariéis estão longe de ser a maioria. Ao contrário, aqueles que vivem com dignidade e honram o evangelho mediante uma vida limpa e sóbria são tantos, que seria ridículo pretender que a figura do pastor de Decadência pudesse caber como definição de um típico pastor evangélico.

A virada na ênfase de que Decadência fosse um ataque à liderança da Universal, mas, ao contrário, revelasse uma tentativa de desmoralização de todas as igrejas e todos os pastores evangélicos do Brasil por parte da Globo, foi brilhante e rápida. Assim agindo, a Universal fez com que a maioria dos pastores que fazem o gênero Mariel procurassem imediatamente abrigo à sombra dos bispos de Edir Macedo ou de sua Rede Record de televisão. E mais que isto: muitos outros pastores que não tinham nenhuma identificação com as práticas da Universal, foram para lá, atraídos pelo medo da falada “perseguição contra os pastores”.

A mania de perseguição que existe entre os evangélicos é o fenômeno mais forte a unir o grupo todo. Durante todos esses anos de circulação no meio cristão, verifico, aturdido, que mesmo a centralidade de Cisto e a referência máxima da Bíblia não tem tanta capacidade de unir os diferentes no nosso meio quanto uma “boa onda de perseguição”. Quando isso acontece, mesmo os hereges se unem, e aqueles que se acusam de práticas completamente inaceitáveis descobrem a necessidade de se protegerem para lutar contra adversários supostamente comuns.
[...]
“Roupa suja se lava em casa” não está escrito na Bíblia, mas é, sem dúvida, o mais obedecido de todos os mandamentos evangélicos.
[...]
Quando comecei a dizer que não me via incluído no personagem do Mariel, a Universal percebeu que aquilo enfraqueceria a campanha deles quanto a serem a cara pública dos evangélicos. Afinal, eles tinham sua própria mídia na mão e não havia a menor razão para que eles não falassem pelos demais evangélicos.

No dia em que a minissérie estreou, a Igreja Evangélica se dividiu profundamente no Brasil. Os Mariéis e aqueles que sofriam de fobia persecutória ficaram com os bispos do Macedo.
[...]
No entanto, naquele momento as frentes de combate e as motivações para o enfrentamento eram muito diferentes. A Globo trazia o assunto ao palco da mídia por verificar o crescimento estrondoso da Universal e do império de comunicação das Organizações Macedo. Por seu turno, Macedo enfrentava a Globo por se julgar forte o suficiente para fazê-lo, sobretudo no papel de injustiçado, o que lhe renderia, sem dúvida, bons pontos de audiência.
[...]
Já do lado de dentro da igreja, as razões para defesa ou o ataque encontravam motivações diferentes. Muitos dos que aderiram à Universal naquele momento o fizeram pelo medo da perseguição. Alguns outros líderes que a eles se aliaram o fizeram, entretanto, por outras formas de interesse ou obrigação. Os tais interesses iam desde uma participação societária numa das televisões da Universal, como era o caso do pastor Fanini; no canal 13, Rio, até o desejo de poder também manter a cota de 20% da conta de Macedo na compra de horário na CNT-Rio, no valor de aproximadamente duzentos mil reais mensais, à época, como diziam ser o caso do pastor Silas Malafaia.
[...]
Meia hora de luzes de estúdio e o encantamento de lentes de câmeras de televisão têm mais poder de sedução no meio evangélico que mulher pelada ou que o próprio diabo.

O único que, a meu ver, estava lá não apenas por causa de interesses de natureza política ou comercial era o pastor Silas Malafaia. Segundo soube, o negócio publicitário no agenciamento da CNT era uma de suas motivações, mas não a única. Ele estava lá também porque é uma pessoa de temperamento colérico, e com seu temperamento colérico, dificilmente perderia a oportunidade de se apresentar ao país como grande defensor da fé. No caso dele, entretanto, tal defesa tem aspectos genuínos. Ele é fervoroso em suas convicções e lutaria até mesmo contra o Macedo se seus princípios o induzissem a isso. O problema é que, apesar de jovem, o pastor Silas possui uma mente sempre disposta à defesa corporativista e ao sentimento sindicalista e “dinossauriano” de proteção da categoria. Este livro, certamente, lhe provocará intenso desejo de partir para o ataque outra vez, e o argumento será corporativista: roupa suja se lava em casa.

A análise que aqui faço da presença de tais pessoas ao lado de Macedo naquele episódio não é especulação minha, pois conversei com várias delas antes de que suas posições fossem definidas.

O conflito começou entre a Rede Globo e a Rede Record, mas acabou se concentrando num enfrentamento pessoal entre Macedo, supostamente o defensor dos evangélicos perseguidos, e Caio Fábio, o amigo da mídia e sócio do Dr. Roberto Marinho, conforme a versão que eles divulgavam.

– Ele é consultor informal da Rede Globo. Não sou eu que ta falando, não. É ele mesmo. Ta aqui nesse jornalzinho da Vinde. Ó. Ó. Ta vendo – dizia Malafaia, agitadíssimo na telinha da Record, enquanto sacudia diante das câmeras o Vinde Informa.

– Amigos, eu conheço o homem. Ele é íntegro e sério. Mas tá aqui. O órgão de informação dele mesmo é que diz isso. Que pena! – falava Silas, repetidamente, fazendo alusão ao fato de que em 1994 e 1995 a Globo, bem como a maioria dos outros meios de comunicação, quase sempre me procurava antes de lançar ao grande público coisas sobre os evangélicos.
[...]
Minhas motivações naquela batalha não tinham a ver com nenhuma das razões mencionadas até aqui. Não tinha e não tenho nada pessoal contra o bispo Macedo, não ganho nada de nenhum de seus inimigos, não sou candidato a nada e não me vejo na obrigação de defender os evangélicos apenas por uma questão de fidelidade a uma ética corporativista, mafiosa.
[...]
Para mim, aqueles dias foram o inferno. Não fora para aquilo que eu me tornara cristão. Em meio a tudo, às vezes eu me lembrava dos tempos em Manaus, das vigílias de oração, das reuniões nas escolas e faculdades, onde dava pura e simplesmente o testemunho de minha fé e amor, e me perguntava: “O que me trouxe até aqui?” Também me vinha ao coração a convicção de que não estava fazendo nada que tivesse a ver com as coisas pelas quais vale a pena viver e morrer.
[...]
Durante e depois da novela, as notícias sobre “a briga entre o bispo Macedo e o pastor Caio” passaram a ser diárias. Meu sossego acabou completamente.
[...]
Aquilo não afetou apenas a mim, mas eles também. Nos cultos da Universal, o clima de guerra cresceu para níveis quase islâmico-xiitas. Era ódio para todo lado. Repórteres foram ameaçados, o Dr. Roberto Marinho teve sua morte “decretada” no programa 25ª. Hora para no máximo até o fim de 1996, e eu fui declarado como sendo “o Golias que seria derrubado” pelas pedras deles. E mais do que isso: disseram-me que eu tinha um Exu na boca e que a maldição divina estava sobre minha cabeça.
[...]
A pressão vinha de todos os lados. Eram líderes ligados à AEVB que queriam uma tomada de posição. Eram outros que queriam que silenciássemos. E havia também os que exigiam um esclarecimento público e final sobre as razões de nós sermos tão contrários às práticas e posturas da IURD.
– Só se fizermos um manifesto e o divulgarmos em nome da AEVB, botando um ponto final nesse bate-boca – disse eu para várias pessoas.

A idéia do documento prevaleceu. Assim, nos reunimos da noite para o dia e elaboramos o texto. A idéia era afirmar o direito constitucional da Universal existir do modo que bem entendesse, dentro das fronteiras da legalidade, mas mostrar as imensas diferenças de natureza ética, doutrinária, prática e de conteúdos que nos separavam. Por isso, solicitaríamos que eles falassem em seu próprio nome e parassem com aquela estratégia de se esconderam atrás dos evangélicos sempre que aprontavam e não queriam ficar para pagar a conta sozinhos.
[...]
Uma semana depois do Manifesto da AEVB, veio a carta aberta da Universal. Dizem os entendidos que a tal carta teria sido redigida pelo pastor Silas Malafaia e autenticada pelos bispos do Macedo. Não posso afirmar, mas foi o que correu pelo meio evangélico, ainda que isto não seja importante para o desfecho dos fatos.
[...]
– O que fez o pastor Fanini mudar tanto? Não foi ele quem disse que preferia a Umbanda à Igreja Universal? – indagou de mim um evangélico que é repórter de um grande jornal.
– Olha, você é repórter, então investigue para ver se descobre o que fez com que ele mudasse de um extremo para outro tão radicalmente – disse de modo vago, ainda que soubesse qual era a razão daquela mudança.
[...]
Mas nem tudo foi triste naqueles dias. Houve também coisas com um tom engraçado.
– Ó, pastor Marcos, diz pro reverendo Caio que tem um tal de Mala-qualquer-coisa falando muito mal dele na TV Record – disse um dos mais temidos prisioneiros de Bangu 1.
– Malafaia. Esse é o nome. É um pastor – disse Marcos Batista.
– Pois é. Diz pro reverendo que a gente tá ouvindo esse cara falar mal dele e que tem gente aqui perdendo a paciência. Se esse cara continuar a falar mal do nosso reverendo, a gente acaba mandando dar um esfrega nele. O que ele pensa? Que pode falar mal de gente que só faz o bem e ficar assim mesmo? Num fica assim não, pastor. A gente tá aqui, mas nossos amigos tão lá fora. Esse cara leva um aperto e não sabe nem por quê. Diz pro reverendo que a gente ta às ordens – disse o detento.
– Olha aqui. O reverendo Caio é um homem de Deus. Ele é cristão. E um cristão não paga o mal com o mal. Um cristão paga o mal com o bem. Então, se vocês puderem, orem pelo pastor Silas Malafaia e assim vocês vão cumprir a lei de Cristo. EU não vou dizer um negócio desses pro reverendo Caio de jeito nenhum. Ele iria ficar muito angustiado. E tem mais: ele está triste com o pastor Silas, mas gosta dele. Orem pelo pastor Silas. Só isso – explicou Marcos Batista numa de suas últimas visitas a Bangu 1.
– Desculpa o mau jeito, pastor. Mas esse é o nosso modo de ser amigo. Aqui com a gente, amizade é amizade, parceria é parceria, e ninguém trai. Se trair, dança – disse o bandido, muito mais consciente do valor de certos princípios que alguns de meus companheiros de ministério cristão.

No dia 12 de outubro, o bispo von Helder, da Igreja Universal, chutou a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, vista pelos católicos como a Padroeira espiritual do Brasil. Foi um escândalo. Ele agrediu, provocou, chutou e esmurrou a imagem da santa, ao vivo, na televisão.
– Olha essa coisa feia, desgraçada, miserável. Isso aqui num tem poder nenhum – disse ele em meio a muitas outras coisas.
O país parou, e eu fui outra vez “guindado” para dentro do conflito com a Universal.
– Ta certo chutar a santa? – era a questão que repórteres do Brasil e do exterior me faziam o dia todo.
– Nós, evangélicos, vemos o culto aos ídolos ou santos como idolatria inaceitável, de acordo com a Bíblia. Mas entendemos que num país pluralista como o Brasil, ninguém tem o direito de fazer enfrentamentos físicos e públicos contra objetos de culto, sejam eles quais forem. Portanto, mesmo condenando a idolatria, temos também que condenar o modo pagão como o von Helder brigou com o ídolo – foi o que respondi inúmeras vezes.
(Confissões do Pastor [cap. 58, págs. 424 a 438]– Editora Record – 5ª. Edição – 1997). = = = = = = = = = = = = = = = =
Se você leu até aqui, já percebeu algumas coisas:

- Caio não está falando “só agora”. Pelo contrário, as acusações são antigas e públicas.
- Quem acusou, à época, era a maior autoridade no meio evangélico brasileiro.
- Ninguém pode acusar o Caio de acusar para querer se promover (ele já estava onde os outros queriam chegar!).
- Portanto, Caio Fábio não é santo, mas não pode jamais ser tachado, honestamente, de “Roberto Jefferson” dos evangélicos.

Por último, meu objetivo com esse texto é apenas trazer ao grande público, especialmente os jovens, um pouco da história que muitos desconhecem. Portanto, se você não sabia disso tudo e agora sabe, faça um favor, compartilhe isso com seus amigos.

Em Cristo, nossa Justiça.


Bento Souto

quarta-feira, outubro 31, 2007

CARTA ABERTA AO EDIR MACEDO

CARTA ABERTA AO EDIR MACEDO


Caro Sr. Edir Macedo,


Eu não lhe conheço e nem o senhor me conhece. A imagem que eu tenho do senhor e da sua igreja, a Universal do Reino de Deus, foi construída através de informações que recebi ao longo de mais de duas décadas. Assim, me responda, por favor, o que eu posso pensar acerca do senhor e de sua igreja, tendo em vista que o que eu soube foi...

1. Por volta de 1983 conheci a primeira pessoa que fazia parte da sua igreja, Pedro Ciriano, um homem analfabeto, porém cheio de amor pelos outros.

2. Por volta de 1997, um gerente do Carrefour denunciou que o "azeite santo de Israel", vendido no templo de sua igreja em Goiânia, onde eu residia a época, era, na verdade, óleo de soja adquirido em grande quantidade naquele supermercado.

3. Em 1998, um policial que fazia "bico" escoltando o dinheiro arrecadado no templo de sua igreja, no bairro do Brás, na cidade de São Paulo, e o transportava para um banco na Av. Paulista, ao ver a quantidade de dinheiro arrecado, me convidou para abrir uma "igreja", pois, segundo ele dizia, nunca havia visto nada que desse tanto dinheiro. Ele me convidou porque dizia que eu falava muito bem e que ele cuidaria da grana. Detalhe, nem cristão ele é!

4. Já após o ano 2000, a empresa que eu trabalhava me encarregou de comprar três aeronaves, duas para transporte de cargas e um jato executivo para a presidência. Por volta de 2003, a empresa trocou o avião que eu comprara por um Falcon 2000. Sempre ouvi rumores de que o senhor também tinha avião particular e que ele ficava estacionado em Sorocaba-SP, para não chamar a atenção. Imagine a minha surpresa ao ler este mês, no Jornal o Estado de São Paulo, que o avião do senhor, também um Falcon 2000, transportou uma réplica da imagem de Nossa Senhora de Aparecida do Norte até Praga, na República Checa. Só para servir de lembrete ao senhor, um Falcon 2000 custa cerca de US$ 28 mi (vinte e oito milhões de dólares!). A empresa que eu trabalhava deve faturar em 2007 cerca de R$ 4 bilhões de Reais. Como explicar que o líder de uma igreja tenha comprado um avião desses? Com que dinheiro o senhor comprou? Ou essa empresa, Alliance Jet (http://www.alliancejet.com.br) não é de propriedade do senhor?

5. Em agosto desse ano, li uma reportagem da Revista Veja sobre uma casa que o senhor está construindo em Campos de Jordão-SP. Diz a reportagem que "A casa, que deve ficar pronta dentro de dois meses, é avaliada em 6 milhões de reais. VEJA visitou os 35 cômodos do imóvel, distribuídos em quatro andares. Ao todo, são dezoito suítes, todas equipadas com banheiras de hidromassagem. A maior delas, a do bispo, tem 100 metros quadrados, sauna e uma banheira suficiente para seis pessoas." De onde veio esse dinheiro? Ou essa casa também não é sua?

6. Em setembro passado, vi também as matérias sobre a inauguração da Record News, emissora de TV que, segundo noticiado, é de sua propriedade. Eu me pergunto onde foi que o senhor conseguiu os US$ 7 mi (sete milhões de dólares) para investir nessa empresa?

7. Por último, para não me alongar muito, eu mesmo vi o senhor, na sua TV, dizendo em um programa especial que "o Rei é rico" e que "não existe Rei pobre", numa tentativa de justificar a sua riqueza. Como eu entendi que o Rei a quem o senhor se referia era Jesus, resolvi lembrá-lo de algumas coisas simples que esse Rei disse e fez.

a) Jesus, o Rei dos Reis, disse a alguém que desejava segui-lo que "As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mateus 8:20).

b) O Rei dos Reis também disse que "Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui" (Lucas 12:15).

c) O Rei dos Reis também disse que "O Reino de Deus não vem com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:20-21).

Portanto, o Rei dos Reis, Jesus Cristo, não nasceu em palácios; não viajou de um lugar para outro em grandes carruagens; não estabeleceu nenhum poder político em Roma; não construiu nenhum grande templo; não tinha nada exterior que representasse poder; e a única propriedade que deixou como herança, ao morrer, foi uma túnica -- que nem dele era. Todavia, esse Rei dos Reis era e é riquíssimo, mas não daquilo que o senhor parece entender ser riqueza, pois o verdadeiro tesouro do Homem está no coração, segundo o próprio Rei dos Reis falou (Mateus 6:21).

Em 31 de outubro de 1517, portanto, há 490 anos atrás, um obscuro monge agostiniano pregou 95 teses nas portas do Castelo de Wittenberg denunciando a venda de indulgências (compra do favor de Deus através do dinheiro!) pela Igreja Católica Apostólica Romana, como uma abominação. O dinheiro arrecadado serviria para a construção da Basílica de São Pedro, diziam aqueles que vendiam o "passaporte para o céu".

Hoje, o dinheiro arrecadado pela sua igreja vendendo indulgências modernas (riqueza já, aqui na Terra!) não é nem para construção de templos, mas, pelo visto, para enriquecimento do senhor. Afinal, como o senhor explica o seu patrimônio?

Em vista de tudo o que escrevi acima, me responda, por favor, o que eu devo pensar acerca do senhor e de sua igreja?


Atenciosamente


Bento Souto

terça-feira, outubro 09, 2007

Academia Bessas

Querido(a) amigo(a),


Já há algum tempo eu tenho me reunido com os Bessas para ler, orar e meditar sobre as Escrituras. Essa tem sido uma experiência muito agradável. Algumas vezes só estávamos lá eu, minha mulher, Zezinho, Wilson e Bia.

Nunca nos preocupamos em ter um grande número de pessoas. Nosso intento não é esse. Queremos apenas a simplicidade do encontro de um com o outro, com Jesus e com a Palavra. Afinal de contas, Jesus não disse que quando estivéssemos em um templo juntamente com mais 1.000 pessoas é que Ele estaria lá. Pelo contrário, Ele disse que "quando 2 ou 3 estiverem reunidos eu meu nome... eu estarei lá com eles".

Como a Academia Bessas ficou pronta e nós temos lá muito espaço; e há muita vontade de servir nos Bessas; eles decidiram me convidar para dirigir uma encontro semanal aos domingos. Nada formal. Tudo muito singelo e simples. Afinal de contas, eu não sou pastor e nem padre... rsrsrs... e tambem rejeito qualquer tentativa de me fazerem rei... rsrsrs. A verdade é simples, não quero ser juiz de ninguém.

Assim, por meio desta estou convidando você para nos fazer uma visita. Quase todos os domingos, entre 10 horas e meio-dia, nós estaremos lá. Digo "quase todo domingo" por um motivo simples: lá é tudo informal e pode ser que decidamos nos reunir no Parque Vila Lobos; ou não ter reunião por causa do feriadão... simples assim. Ninguém tem que bater cartão lá. Assim, anote aí meu celular (11) 7628-9492, e me ligue antes de ir pra saber se nós estaremos lá.

O local é de fácil acesso. As instalações são muito boas e todos são bem vindos. Abaixo estou colocando mapas que ajudarão você a nos encontrar.

O site dos Bessas é www.bessas.com.br e o da Academia Bessas é http://www.bessas.com.br/

Ah! Acho que é apropriado dizer que você pode deixar a carteira, o talão de cheques e os cartões de crédito em casa. Não estamos interessados no seu dinheiro e não há essa conversa de cobrar dízimos de você e de ninguém. Agora, se você quiser levar alguma coisa, leve algo pra gente comer com um café mineiro muito gostoso que o Wilson e a Bia levam

Te vemos lá!


Beijão





Bento Souto





quinta-feira, agosto 16, 2007

E o Livre-Arbítrio?

E o Livre-Arbítrio?

Ah, quanto mais eu leio, mas eu acho que esse é um termo vazio. Nem sabemos o que estamos dizendo ao afirmar que o Homem possui Livre-Arbítrio.

Qual desses homens possui Livre-Arbítrio?

1) O Homem (Adão e Eva) antes de pecar.
2) O Homem caído e sem Cristo.
3) O Homem salvo por Jesus Cristo, mas ainda vivendo nesse mundo.
4) O Homem glorificado nos céus.

O Livre Arbítrio desses 4 Homens acima descritos são iguais?

Depois de ler The Bondage of the Will (Servum Arbitrium), escrito por Lutero (você encontra aí na Christian Book Distribuitors, www.christianbook.com - ISBN: 0800753429), em resposta ao que escreveu Erasmo de Roterdã (De Libero Arbitrium), O Livre-Arbítrio, eu não posso mais dizer que esses 4 Homens possuem o mesmo Livre-Arbítrio.

Todavia, somente para demonstrar que Livre-Arbítrio é um termo vazio, vamos olhar uma definição do que é Livre- Arbítrio.

Um amigo escreveu:
"Livre Arbítrio - liberdade de auto determinação e ação independente de causas externas"

Eu concordo com ela. Acho que a definição é precisa. No entanto, tenho minhas dúvidas de que vejamos o mesmo sentido nessa descrição. Note que a definição diz "liberdade de auto (self, certo?) determinação (escolha, concorda?) e ação (não vou nem entrar na questão de Paulo dizer que escolhe o Certo e faz o Errado, fica pra outra ocasião!) independente (aparte, isolado, correto?) de causas externas (na intimidade do ser, apenas com as coisas do ser, certo?).

Bem, vamos testar se alguma escolha pode ser feita nessas condições. Onde vamos tomar o café da manhã? Na Waffle House ou na IHOP (International House of Pancake)? De que você gosta mais Waffle ou Panqueca? Você deixa para que eu decida? Você gosta mais de panqueca, e eu de waffle, mas você decide ir comer waffle, pois o que importa é a minha companhia? Você gosta mais de estar comigo do que comer panqueca? Infelizmente, a "causa externa" está presente em todos esses processos de escolha. Portanto, o arbítrio não é livre de "causas externas".

Vamos ao cinema. Não, é melhor você ir sozinho para eu não atrapalhar sua escolha. Que filme você decide assistir entre os 12 que estão passando? Sua escolha foi por causa do ator ou atriz? Foi por causa do horário em que ele vai começar? Foi por causa da trama? Foi por que alguém disse que o filme era bom? Onde você vai sentar ao entrar na sala de exibições? Bem no centro, para poder ver melhor a tela? Bem ao fundo, ou na ponta...? Por que você escolhe o lugar onde senta? Não tem jeito, em todas essas escolhas há "causas externas".

Bem, vamos tentar fazer uma escolha sem "causas externas". Você escolheu um modelo de camisa para comprar? E agora, vai ser a azul ou a marrom? Nenhuma das duas, vai ser uma outra cor porque ela é a sua cor favorita? Sinto muito, lá vem "causas externas" no exercício do seu arbítrio... Ou seja, qualquer escolha acontece por causa de inclinações ou preferências, se "preferir" chamar assim.

Livre arbítrio, no processo de escolha de comida, por exemplo,é quando você vai sozinho para um restaurante, na Malásia, e o garçom te dá o menu, e você nem sabe ler o que tá escrito. Você vai escolher um prato sem saber se é líquido ou sólido, se é pastoso ou seco, se é vegetal ou animal, se é cru ou cozido ou se é caro ou barato. Isso é o exercício do livre-arbítrio no processo de escolha de um prato. Ou seja, nenhuma informação (causas externas, lembra?).É como dizer escolha A ou B (se bem que você pode escolher A porque seu nome começa com A...causa externa!). Escolha 1 ou 2! Esquerdo ou direito. Etc.

Nesse ponto, talvez você pense como eu e diga: "peraí, e se for o contrário? E se Livre-arbítrio for um processo de escolha onde se sabe tudo sobre a escolha?" Ou seja, e se Livre-arbítrio for um processo de escolha onde se goste de duas coisas de igual forma? Se não houver preferência (ou inclinação, como eu prefiro chamar) por uma, apenas? A definição acima estaria errada, mas alguém poderia ter a mesma inclinação para os dois lados e escolher um, não seria isso Livre-arbítrio? Afinal, daqui a pouco vamos ter que lidar com o que levou Adão a escolher pecar!

Infelizmente, isso também não funciona. Vamos imaginar que você goste, igualmente, do azul e do marrom. Que camisa você irá comprar? Você só pode levar uma. Qual será? Azul ou marrom? Não adianta, se o gosto for igual, você irá ficar olhando para as camisas pra sempre, sem poder fazer uma escolha. Pois, se escolher uma é porque gostava mais daquela cor do que a outra. Percebe que não há saída? A escolha parece que nunca se livra de "causas externas".

Então, em minha opinião, Livre-Arbítrio é um termo vazio.

Peraí, Bento. E a escolha de Adão? Não foi exercício de Livre- Arbítrio? A de Adão foi livre de "causas externas"? Não estava Eva defronte dele comendo o fruto da árvore que Deus havia dito que se comesse morreria? Isso não é uma boa "causa externa"? E a de Eva, não foi uma escolha livre de "causa externas"? Não havia um outro ser dizendo que se ela comesse o fruto, ela seria igual a Deus? Isso não é uma "causa externa"? Se é assim, então qual foi a "causa externa" que levou Lúcifer a pecar? De onde veio a "inclinação para o mal" no ser dele?

Nesse ponto, acaba a razão humana. Chegamos ao limite da razão. Não há mais terreno para a Razão. Daqui pra frente só se vai pela Fé. É pela Fé que cremos que "Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta". Qualquer dúvida quanto a isso, eu sugiro que você leia de nova a epístola de Paulo aos Romanos. Lá, ele começa a elaborar o problema da Queda que atingiu toda a raça humana. Depois, ele segue com a Redenção através de Jesus Cristo... até que lá pelo final do capítulo 8 ele já está falando daqueles a quem Deus elegeu. E ele segue mostrando até onde a razão pode ir... Deus escolheu Jacó e não Esaú, antes que tivessem nascido ou feito mal ou bem, afim de que o propósito da eleição permanecesse... e segue até que pergunta se não há injustiça em Deus escolher uns e outros não. Note qual é a resposta. Doxologia. Louvor. Não há o que dizer. A razão humana não consegue explicar isso.

Falar de Livre-Arbítrio num ambiente ocidental é muito gostoso. Meu amigo, George Guilherme, repórter sênior da Globo foi para uns países asiáticos fazer uma reportagem sobre um esporte chamado Sepaktracal (parece nome de remédio, não é?). Num belo dia de domingo, na Malásia, ele acordou e quis ir para uma igreja. Perguntou na recepção do hotel e ninguém sabia o que era igreja. Perguntou para várias pessoas até se dar conta de que talvez ele fosse o único cristão naquela cidade. Se lermos Atos 16, veremos o motivo de George não encontrar cristãos ali. Deus tinha outros planos. Nós não sabemos explicar, apenas cremos e louvamos.

Ou você pode explicar por que eu vivi uma vida saudável (até hoje, graças a Deus) e minha prima Bernadete tem a mente de criança de dois dias de nascida? Nunca disse uma palavra. Nunca disse onde é que estava doendo. Nunca abraçou alguém e disse "eu te amo". Nunca saiu do lugar sem que alguém a carregasse. Nunca comeu nada que alguém não houvesse posto na boca dela. Nunca deu um passo na vida. Você pode explicar por que ela é assim e o irmão e a irmã dela não são? São 45 anos de uma vida dessa maneira.

Acho que nem você e nem ninguém pode. Deus disse que é Ele quem faz pessoas como Bernadete ou com qualquer outra enfermidade de nascimento (Ex. 4:11). Eu não entendo, será que por isso eu devo deixar de louvá-lo? Ou eu admito que a Razão Humana possui limites? Essa discussão toda sobre Livre-Arbítrio, Eleição, Predestinação, etc., é tentativa de explicar o inexplicável. Há muito exagero e gente, como dizia Calvino, "que entra nos aposentos íntimos de Deus sem a reverência devida". Eu não quero ser um deles.

Sou apenas alguém que tem convicção de que não sou melhor do que ninguém. Sou amigo e discuto a vaga de "principal dos pecadores". Por isso, termino com as palavras daquele personagem de Ariano Suassuna: "eu não sei não, só sei que foi assim".

Abraço,

Bento Souto
25 de Julho de 2004.

BOBBY, UM CÃO FORA DOS PADRÕES

Eu fui passar o Natal com meus pais e familiares lá em Campina Grande-PB. Em meio aos papos com meu pai, perguntei sobre um cão que da última vez que eu os visitei estava lá e que agora não estava mais.

Meu pai sempre gostou de criar cães. Só que ele sempre gostou de vira-latas. Ele sempre quis cães que fossem bons guardas. De dia, ele os mantinha presos. À noite, o lado de fora da casa era dos cães. Só soltava-os de dia quando todos saíam de casa.

He-man foi o cão que meu pai mais se apegou. Silencioso, ele era o típico cão que não latia, mas mordia. Pequeno e franzino, He-man era capaz de enfrentar qualquer cão e qualquer pessoa. Só latia depois que mordia, e mordeu a muitos. Os Correios suspenderam a entrega da correspondência porque três carteiros foram mordidos por He-man.

Um vizinho que quando estava bêbado passava pelo portão da casa provocando He-man foi mordido na primeira oportunidade que o cão escapou. Parecia vingança. He-man fugiu de casa e foi parar na casa do bêbado e o mordeu lá.

O ódio contra He-man cresceu tanto que deram "bola" pra ele. Para os que não sabem, "bola" é uma bola de carne moída com caco de vidro ralado dentro. O cão come a "bola" e os pedaços de vidro cortam o intestino dele. He-man morreu.

Meu pai tentou encontrar um substituto para He-man. Criou vários até chegar em Bobby - o cão que eu notei a ausência. Bobby era um cão vira-lata pequeno e forte. O corpo parecia o de um bulldog, cheio de músculos. Ele também não latia, pois meu pai detesta cães que latem. Bobby quase não obedecia a comando algum. Mas era um excelente cão de guarda. Ninguém entrava na casa de meu pai se Bobby estivesse solto. Pular o muro, com Bobby solto, pra fazer pequenos roubos - como fazem aqueles garotos que vivem na vizinhança - estava fora de questão. Bobby não era um He-man, mas desempenhava o papel que meu pai queria.

Daí, a minha pergunta:
- Pai, cadê o Bobby?
- Ele foi embora -, disse meu pai.
- Como assim "ele foi embora"? Ele fugiu? - perguntei eu.
Meu pai fez uma expressão de quem não estava gostando do assunto. A meia-voz, disse:
- Ele foi embora. Bobby era boiola. De vez em quando dava a louca nele. Ele fugia de casa e depois aparecia com mais dois ou três cães, como uma cadela no cio. Assim, ele foi embora.

Soube depois, por uma irmã, que meu pai não suportara a idéia de ter um bom cão de guarda que fosse homossexual. O "homo" aqui não é de Homem, mas do idioma Grego, "homo", que significa "do mesmo", assim como "homônimo".

A cultura do macho Paraibano falou mais alto e meu pai soltou Bobby na rua para não ter que ouvir as piadas dos amigos aposentados. A casa agora se modernizou. Cerca elétrica e alarme substituíram o Bobby.

Ouvi a história do Bobby e me pus a pensar. Quantas pessoas não agem com seres humanos igual ao meu pai agiu com o Bobby? Elas crêem que ninguém nasce homossexual. Assim, quando se deparam com o que contradiz suas crenças, tratam de tirar essa pessoa da vista o mais rápido possível. Bobby é um cão. Cães não estão sujeitos a dilemas se vão para o céu ou não. Cães não estão sujeitos a questões morais. Meu pai é quem está sujeito a essas coisas. Bobby, mesmo sendo um bom cão de guarda, não se encaixou nos padrões morais e culturais de meu pai. Assim, para meu pai, o que se havia de fazer era descartá-lo.

Eu sei que cães homossexuais são raros. Pessoas homossexuais que nasceram homossexuais também são raros. Mas ambos existem. Negá-los é ir contra a realidade. Nós podemos dizer que não sabemos o porquê disso. Podemos não entender, como eu não entendo. Só não acho que seja sábio descartá-los por isso.

Há muita gente que prefere não ter um bom filho, caso ele seja homossexual. Só que não existe uma forma de substituir esse bom filho por equipamentos elétricos e eletrônicos, como fez meu pai com o Bobby. Seres humanos são únicos e mais valiosos do que o mundo inteiro, disse Jesus.Na maioria das vezes, nós montamos um presépio das coisas. Aí, quando aparece alguém que não é Maria, nem José, nem o menino Jesus, nem animais ou pastores, a gente descarta quem apareceu porque aquilo não se encaixa no nosso presépio. Só que a vida não é um presépio estático. A vida é como ela é! Não transforme a sua vida em um presépio.

Medite no que eu disse aqui e, por favor, não permita que sua cultura faça-o descartar seres humanos. Que tal começar 2007 com uma nova postura sobre esse assunto? Ou você vai fazer como meu pai fez com Bobby, descartar aqueles que não se encaixam naquilo que você crê ser a realidade? Ou como os amigos dele que fazem piadas a respeito do que não entendem?

Pessoas não são peças de presépio!

Feliz 2007!

Um beijão!

Bento Souto