terça-feira, maio 31, 2011

A VELHA CANTORA EVANGÉLICA COROOU MARIA



 

Abri a porta do carro e a voz de alguém cantando banhou os meus ouvidos com música. A aparelhagem de som não era das melhores. Mas a melodia da música e a voz da cantora embalaram meu ser. Fui me aproximando de onde vinha o som daquela música. Peraí, eu conheço aquela voz. É ela? É sim! É a velha cantora evangélica cantando uma música de amor. Click no play do vídeo abaixo e, enquanto escuta a música, leia o texto a seguir.


 

Saudade palavra triste quando se perde um grande amor
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor
Igual a uma borboleta vagando triste por sobre a flor
Teu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for
Você nem se quer se lembra de ouvir a voz deste sofredor
Que implora por teus carinhos, só um pouquinho do teu amor.
Meu primeiro amor
Tão cedo acabou só a dor restou
Neste peito meu
Meu primeiro amor
Foi como uma flor que desabrochou
E logo morreu
Nesta solidão
Sem ter alegria o que me alivia
São meus tristes ais
São prantos de dor
Que dos olhos caem
É porque bem sei quem eu tanto amei
Não verei jamais. 

MEU PRIMEIRO AMOR (Herminio Gimenez)


 

Quando ela cantou a última sílaba, o auditório irrompeu em aplausos ruidosos, eu, inclusive. Definitivamente, a velha cantora evangélica se dá muito bem com um microfone na mão. Ela ainda cantou mais uma ou duas músicas completamente desconhecidas. Mas o brilho com que ela cantou MEU PRIMEIRO AMOR não se apagou. Nem mesmo depois que "Seu Valdomiro" cantou uma "Ave Ave Maria" como há muito eu não ouvia.

Era dia de festa. Algumas mulheres da Associação das Irmãs da Caridade de Campina Grande estavam lá e trouxeram todos os idosos que quiseram ir para o auditório. Todas as terças-feiras elas vão lá, pela manhã, com o objetivo de entreter os velhinhos. Elas fazem brincadeiras e oferecem chás e biscoitos a todos. Os velhinhos se alegram. Elas, muito mais. Fazer o bem faz tão bem que é impossível não notar o sorriso no rosto de cada uma delas.

A "rapaziada" do Dominó começou a vir na minha direção fazendo sinais para irmos jogar. Uma criança de 9 anos, Ellen, neta de uma dessas irmãs, me pediu para jogar conosco. A alegria e a espontaneidade dela logo conquistaram a todos nós. Crianças e Idosos, "tudo a ver", como diz a famosa vinheta. Muitas palmas são ouvidas vindas do auditório. Logo, em seguida, a velha cantora veio até onde nós estávamos, trocamos o costumeiro beijo de cumprimento, então, ela me disse:

– Fiquei muito honrada, dentre todos os que estavam no auditório, essas pessoas escolheram a mim, para corar Maria, a mãe de Deus.

– E você coroou? – perguntei.

– Coroei, sim, foi um dos momentos mais importantes da minha vida – respondeu ela, transbordante de alegria.

Pensei comigo mesmo o seguinte: as pessoas desse Asilo, finalmente, conquistaram o respeito da velha cantora evangélica.

Eu não acredito em Maria como essas Irmãs acreditam.

Mas eu acredito no Amor delas por aqueles a quem eu também estou aprendendo a amar.

Isso é suficiente para mim.

Isso é suficiente para você também?


 

Bjs Bento Souto

2 comentários:

Sandra Silva disse...

Belo! Talvez,se nos preocupássemos menos com religiosidades e voltássemos o coração para a entrega genuína de pessoas assim...Humm!!! Com certeza, perceberíamos melhor o significado de AMAR AO PRÓXIMO. A expressão de fé do outro é terreno que não nos cabe - segredo de Pai e filho, não cabe "vizinho"!
Bj grande

JOELMA disse...

Sim, eu creio como voce... Somos livres para adorar, para amar... E eu estou tão feliz de conhecer pessoas como voce, a Haline, o Alex, o Hugo, tantos outros... Vi que não sou doida e não estou só nesse `caminho`... Vc pode ver no meu álbum no orkut que postei fotos de um batismo católico de um bebe em que eu e meu esposo fomos padrinhos. E aí? Que escandalo prá Igreja Evangélica! Ah amado... Eu amo tanto aquele casal, aquele bebe... E quero continuar assim... Agindo com amor... Sem falso moralismo, nem me escandalizando com pouca porcaria, rsrs
Bj grande, Jô