sexta-feira, maio 29, 2009

ALGUNS CRISTÃOS NÃO CRÊEM MAIS EM CONVERSÃO!


 

Queridos(as),


 

Eu acho incrível como os cristãos atuais não crêem mais na conversão de algumas pessoas. Inúmeras vezes eu sou advertido para não perder o meu tempo com fulano ou beltrana. Para muitos, parece que Deus nunca está incluído no futuro e que algumas pessoas são imutáveis. Esse sentimento está permeado de tal forma no inconsciente coletivo dos cristãos que raríssimos são os que esperam que o melhor aconteça.

Outro dia correu mundo afora a notícia de um provável cisma entre Edir Macedo e um dos bispos da IURD. Observando os comentários em vários sites e comunidades, ditas cristãs, eu só vi elucubrações de que o tal cisma talvez tenha ocorrido porque um tentou "passar a perna" no outro.

Por que o motivo da cisma entre Macedo e esse bispo não pode ser o fato dele (o Macedo ou o bispo) ter tido uma experiência real com Jesus Cristo e ter entendido e crido que o tempo da barganha acabou e que não se compra o favor de Deus com dinheiro ou com sacrifícios?

Por que não contamos com a possibilidade que algum deles possa ter tido uma experiência profunda com Deus?

Se vivêssemos nos dias de Saulo de Tarso, esperaríamos que ele se transformasse no apóstolo Paulo?

Duvido!

Ora, Paulo era ligado a uma religião que nega que o sacrifício de Jesus Cristo cobriu os nossos pecados e, ele próprio participou da caça e do apedrejamento de vários cristãos.

Não contamos com a possibilidade que Deus possa operar um milagre como esses porque, na verdade, nem oramos pra que gente como Macedo e iguais a ele se convertam ao Evangelho de Jesus.

Denunciar a perversão que eles fazem do Evangelho é uma coisa.

Condená-los ao Inferno, já, é uma prerrogativa que Deus não me deu.

Por isso oro e peço a Deus para que eu também não seja contaminado pela presunção de achar que algumas pessoas são imutáveis e que, por essa razão, elas podem ser objetos de nossas ofensas mais infames.


 

Abcs Bento Souto

quarta-feira, maio 27, 2009

O BANQUEIRO DOS POBRES – Trocando a teoria pela Realidade

Decidi voltar a ser estudante. Jobra seria minha universidade; os habitantes da cidade, meus professores.

Firmei o propósito de aprender o máximo possível sobre a aldeia. Para mim isso representaria uma oportunidade de vir a compreender a vida real de uma pessoa pobre. Com isso eu já teria dado um grande passo em relação ao ensino acadêmico. Ao tentar oferecer aos estudantes uma espécie de visão panorâmica, as universidades tradicionais haviam criado uma enorme distância entre os alunos e a realidade da vida. Quando podemos segurar o mundo na palma da nossa mão e o vemos panoramicamente, tendemos a nos tornar arrogantes - não percebemos que ao olhar as coisas de uma grande distância tudo fica borrado. O resultado é que acabamos por imaginar as coisas em vez de enxergá-las.

Então resolvi observar as coisas de perto; achei que se assim o fizesse eu as veria mais nitidamente.

Sentia-me dominado por um sentimento de impotência diante do fluxo cada vez maior de famintos a Daca. Organizações sociais criaram centros de fornecimento de comida em várias partes da cidade.

Os vários bairros se esforçavam por encontrar comida. Mas quantos homens poderiam ser alimentados cotidianamente? A fome se exibia em pleno dia, em todo o seu horror.

Eu tentava superar esse sentimento de impotência redefinindo meu papel. Obviamente não me seria possível ajudar muitas pessoas, mas eu poderia certamente me tornar útil a pelo menos um de meus semelhantes. Isso seria para mim uma grande satisfação pessoal. A idéia de dar uma ajuda verdadeira, mesmo que em pequena escala, em vez de me contentar com palavras, me devolvia a esperança. Senti-me reviver. Quando comecei a visitar famílias pobres de Jobra, sabia muito bem o sentido de minha busca. Mais que nunca, sabia aonde ia.

Comecei, pois, a visitar as famílias de Jobra para ver se podia ajudá-las diretamente de algum modo. O professor Latifee, meu colega, me acompanhava habitualmente. Ele conhecia a maioria das famílias e sabia melhor que ninguém como deixar à vontade as pessoas da aldeia.

Jobra se dividia em três setores: o muçulmano, o hindu e o budista. Quando visitamos o setor budista, levamos conosco nosso aluno Dipal Chandra Barua. Nascido numa família budista pobre de Jobra, ele estava sempre disposto a ser útil.

Um dia Latifee e eu nos detivemos diante de uma casa meio arruinada. Havia nela uma mulher que trabalhava o bambu para fabricar um tamborete. Não precisamos fazer um grande esforço de imaginação para adivinhar que sua família tinha todas as dificuldades do mundo para sobreviver.

- Gostaria de conversar com ela.

Latifee me conduziu por entre galinhas e vasos de plantas.

- Tem alguém aí? - perguntou ele de modo amável. Inteiramente absorta em seu trabalho, a mulher estava sentada na entrada da casa, sob o teto de palha apodrecida. Acocorada no chão, prendia entre os joelhos o tamborete já quase concluído, trançando os talos de bambu.

Ouvindo a voz de Latifee, ela rapidamente abandonou o trabalho, ergueu-se de um salto e desapareceu no interior da casa.

- Não tenha medo - disse-lhe Latifee. - Nós não somos estranhos. Somos professores da universidade. Somos vizinhos. Só queremos fazer algumas perguntas.

Tranqüilizada pelo tom cordial de Latifee, ela respondeu baixinho:

- Não tem ninguém em casa.

Ela queria dizer que não havia nenhum homem. Em Bangladesh as mulheres não devem falar com homens, a não ser que se trate de parentes próximos.

No pátio, crianças nuas davam cambalhotas. Surgiram vizinhos, que nos examinavam, imaginando o que teríamos ido fazer ali.

No setor muçulmano da cidade era freqüente que, ao falarmos com uma mulher, precisássemos fazê-lo com um tabique a nos separar de nossa entrevistada. O costume muçulmano do purdah*, que leva as mulheres casadas a se isolar do mundo externo, era estritamente observado. Essa era a razão pela qual eu precisava recorrer a uma intermediária, aluna ou estudante local, para conversar.

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purdah* - Literalmente, "cortina" ou "véu".(N.T)

segunda-feira, maio 25, 2009

O BANQUEIRO DOS POBRES – Gente morrendo de fome!


 

A aldeia de Jobra: Dos manuais à realidade


 

O ano de 1974 marcou-me como nenhum outro. Foi o ano da terrível fome que se abateu sobre Bangladesh.

A imprensa publicava reportagens terríveis, divulgando o número de mortos e de desnutridos nas aldeias distantes e nas capitais regionais do norte. A universidade onde eu exercia as funções de chefe do departamento de economia se situava na extremidade sudeste do país, e num primeiro momento não demos muita atenção ao fato. Mas começavam a surgir nas estações ferroviárias de Daca [capital de Bangladesh] homens e mulheres esqueléticos. Pouco depois, mortos. De casos isolados passamos para um fluxo ininterrupto de famintos a invadir Daca.

Eles estavam por toda parte. Era difícil distinguir os vivos dos mortos. Homens, mulheres, crianças: todos se pareciam. Sua idade também era algo insondável. Os velhos tinham aspecto de crianças, as crianças pareciam velhos.

O governo providenciou pontos de distribuição de sopa para os pobres, mas o alimento se esgotava muito antes de ser servido a todos.

Os jornalistas tentavam alertar a opinião pública. Institutos de pesquisa procuravam reunir informações quanto à origem dos famintos e suas possibilidades de sobrevivência.

Organizações religiosas se esforçavam por juntar os corpos a de lhes oferecer uma sepultura decente. Mas os cadáveres se acumulavam num ritmo tão acelerado que foi preciso rapidamente desistir da idéia.

Era impossível não ver esses famintos, impossível ignorar a sua existência. Eles estavam em toda parte, esguios, muito calmos.

Não gritavam nenhum slogan. Nada esperavam de nós. Estendidos na entrada de nossa casa, não nos condenavam por estarmos bem alimentados, a salvo da necessidade.

Morre-se de muitos modos, mas a morte por inanição é a mais inaceitável. Ela acontece lentamente. Segundo após segundo, o espaço entre a vida e a morte se reduz de modo inapelável.

Num determinado momento a vida e a morte ficam tão próximas que se tornam quase indistintas, e não se sabe se a mãe e o filho, prostrados ali no chão, ainda estão entre nós ou já partiram para o outro mundo. A morte sobrevém a passos tão silenciosos que não percebemos a sua chegada.

E tudo isso pela falta de um punhado de comida. Em torno desses famintos as pessoas matam a fome, mas eles não. O bebê chora, depois acaba por dormir, sem o leite de que precisa. Amanhã talvez ele já não tenha a força necessária para chorar.

Lembro-me de meu entusiasmo ao ensinar as teorias econômicas, mostrando que elas apresentavam respostas para problemas de todos os tipos. Eu era muito sensível à sua beleza e elegância. Mas de repente comecei a tomar consciência da inutilidade desse ensinamento. Para que poderia ele servir, quando as pessoas estavam morrendo de fome nas calçadas e diante dos pórticos?

A partir de então comecei a achar que minhas aulas eram uma sala de cinema onde podíamos relaxar, tranqüilizados pela vitória certa do herói. Eu sabia desde o início que todo problema econômico encontraria uma solução elegante. Mas a partir do momento que saía da sala de aula me confrontava com o mundo real. Lá os heróis eram moídos de pancadas, selvagemente pisoteados. Via a vida cotidiana tornar-se cada vez mais dura e os pobres ficarem cada vez mais pobres. Para eles, morrer de inanição parecia ser a única saída.

Assim, onde estava a teoria econômica que dava conta de sua vida real? Como continuar a contar histórias de faz-de-conta a meus alunos em nome da economia?

Eu só tinha um desejo: sair pela tangente, abandonar os manuais, fugir da vida universitária. Queria compreender a realidade que cerca a existência de um pobre, descobrir a verdadeira economia, a da vida real –e, para começar, a da pequena aldeia de Jobra.

Jobra ficava perto do campus; mais precisamente, a universidade tinha sido construída perto da aldeia...


 

Muhammad Yunus

(O Banqueiro dos Pobres - Editora Ática, 2000)

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Para mim, é impossível ler isso e não lembrar que é assim também no Brasil e em vários lugares do mundo. Só não vê que há algo errado com muitas das nossas teorias quem se recusa a ver ou desvia o olhar da vida real. As palavras de Jesus tornam-se tão fáceis de entender para quem não se nega a olhar.

A história de Yunus – O Banqueiro dos Pobres, continua. Através dela, espero que você veja como Deus age fora dos ambientes dos templos religiosos e, quase sempre, em confronto com os senhores da religião e da cultura.


 

Bjs Bento

O BANQUEIRO DOS POBRES! -- Prefácio

Minha experiência no Grameen deu-me uma fé inabalável na criatividade dos seres humanos. Ela me feZ concluir que eles não nascem para padecer com a fome e a miséria. Se estas os fazem sofrer em nossos dias, como aconteceu no passado, é porque desviamos os olhos do problema.

Estou profundamente convencido de que poderemos livrar o mundo da pobreza se estivermos determinados a isso. Essa conclusão não é fruto de uma esperança crédula, mas o resultado concreto da experiência do adquirimos em nossa prática do microcrédito.

O crédito, por si só, não poderia acabar com a situação de pobreza. Ele é apenas um dos meios que permitem sair da pobreza. Outras saídas podem ser abertas para facilitar a mudança. Mas para isso é necessário ver as pessoas de modo diferente e conceber um novo quadro para essa sociedade, coerente com essa nova visão.

O Grameen me ensinou duas coisas: em primeiro lugar, os conhecimentos que temos sobre os indíviduos e sobre as interações existentes entre eles são ainda muito imperfeitos; por outro lado, cada um indíviduo é importante. Toda pessoa tem um enorme potencial e pode influenciar a vida das outras no seio das comunidades e das nações durante sua existência, mas também além dela.
No fundo de cada um de nós existem muito mais possibilidades do que aquelas que tivemos ocasião de explorar até o presente. Se não criamos o ambiente favorável ao desenvolvimento do nosso potencial, nunca saberemos o que temos dentro de nós.

Cabe a nós decidir que rumo tomaremos. Somos os pilotos e os navegadores de nosso planeta.Se levarmos a sério o nosso papel, o destino que nos aguarda será necessariamente o que previmos.

Resolvi contar essa história por esperar de meus leitores uma reflexão sobre o que ela pode representar para eles. Se vocês julgarem a experiência do Grameen possível e convincente, eu gostaria de convidá-los a se juntar aos que acreditam na possibilidade de criar um mundo sem pobreza e que decidiram trabalhar nesse sentido. Quer sejam vocês revolucionários, liberais, conservadores, jovens ou velhos, podemos unir forças para resolver esse problema.

Pensem nisso.


Muhammad Yunus
Banco Grameen, 10 de Julho de 1997.
(O Banqueiro dos Pobres - Editora Ática, 2000 - Prefácio)
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O Comitê Norueguês do Nobel decidiu conceder o Prémio Nobel da Paz de 2006, dividido em duas partes iguais, Muhammad Yunus e ao Grameen Bank por seus esforços para criar desenvolvimento económico e social a partir de baixo. Paz duradoura não pode ser alcançada a menos que grandes grupos populacionais encontrem maneiras para sair da pobreza. Micro-crédito é um desses meios. Desenvolvimento a partir de baixo também serve para fazer avançar a democracia e os direitos humanos.(Press Release do Nobel da Paz - 2006)

A constatação do Comitê do Nobel de que o que Yunus fez foi mais do que revolucionar a economia e as finanças dos países e das pessoas. O melhor programa anti-terror ainda é o que promove o resgate das pessoas oferecendo-as condições de melhorar a vida delas e dos filhos. Respeito aos direitos humanos e avanço da democracia são apenas efeitos colaterais desse círculo virtuoso. Com certeza, essas idéias podem e estão mudando o mundo.

Melquisedeque saiu ao encontro de Abraão levando pão e vinho. Esses são os elementos que Yunus tem levado às pessoas: a possibilidade de se alimentar melhor e ter mais alegrias com a família e a comunidade.

No próximo post, veremos como o sonho de erradicar a pobreza do mundo começou.

Até lá!


Beijão

Bento Souto

domingo, maio 24, 2009

O BANQUEIRO DOS POBRES! -- Prólogo

O BANQUEIRO DOS POBRES!

Muhammad Yunus mora num dos países mais pobres do planeta. Embora tenha recebido 30 bilhões de dólares de ajuda externa desde a independência, Bangladesh não saiu do atoleiro.

Catástrofes naturais --ciclones, inundações ou fome -- devastam periodicamente o país. A fome de 1974 fez centenas de milhares de vítimas; as inundações de 1988 deixaram milhões de desabrigados; outras 150 mil pessoas morreram o durante o ciclone de 1992.

Entretanto, essas catástrofes não são nada, comparadas à subnutrição e à pobreza estrutural que fustigam Bangladesh.

Pelo menos 40% da população do país não chega a satisfazer as necessidades alimentares mínimas. Devido à subnutrição, o tamanho e peso médios da população estão diminuindo.

O analfabetismo atinge 90% da população de Bangladesh.

Classificado anteriormente como país de categoria 2 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Bangladesh regrediu para a categoria 3, a dos países no quais o risco de contrair malária e outras doenças tropicais é mais elevado. Raros são os turistas que se aventuram a ir para lá, e os que o fazem não permanecem por muito tempo.

A densidade populacional de Bangladesh é de nada menos que 1003 habitantes por quilômetro quadrado (hab/km2). A título de comparação, essa densidade só seria obtida se puséssemos no estado do Ceará toda a população do Brasil.

Uma enorme quantidade de homens e mulheres vive nas ruas, descalços, sem água limpa nem teto para se abrigar.

É difícil imaginar como Bangladesh poderia oferecer ajuda ao resto do mundo, e mais ainda aos países ricos e industrializados do Ocidente. Com o banco Grameen, contudo, assistimos a uma transferência de tecnologia sem precedentes: do Terceiro Mundo para os países desenvolvidos. E o que se transfere não é nada menos do que um modo de fazer desaparecer para sempre a pobreza do mundo.


O que se segue não é somente a história da descoberta, feita há trinta anos pelo professor Yunus, de que concedendo microcréditos aos mais desprovidos do planeta poderíamos realizar o que bilhões de dólares de ajuda externa não conseguiram.

É a história de um banco que se desenvolveu fornecendo as ferramentas e auto-assistência que permitiram a 12 milhões de cidadãos de Bangladesh -- 10% da população do país - a sair da pobreza.

É igualmente a história de uma revolução, a do microcrédito, que ajudou os pobres de sessenta países, entre os quais a China, a África do Sul, a França, a Noruega, o Canadá e os Estados Unidos, a assumir a sua responsabilidade e a tomar seu destino nas mãos. É também um grande projeto que, ainda durante a nossa vida, poderá livrar da pobreza o planeta e construir um futuro no qual a justiça social reencontrará todo o seu sentido.

É uma mensagem de esperança, um programa que tem por ambição relegar a pobreza aos museus, para que um dia nossas crianças possam visitá-los e nos perguntar como fomos capazes de ficar tanto tempo sem reagir diante dessa terrível situação.

É por isso que estamos tão orgulhosos de publicar este livro, que contribuirá para propagar as idéias inovadoras do professor Yunus.


Muhammad Yunus
Banco Grameen, 10 de Julho de 1997.
(O Banqueiro dos Pobres - Editora Ática, 2000 - Prólogo do editor)
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Quando Martin Luther King, Jr. disse que tinha um sonho de ver negros e brancos sentados à mesma mesa, estudando nas mesmas escolas e tendo os mesmos direitos, isso pareceu loucura aos ouvidos de muitos. Mas um homem ou uma mulher com um sonho --e que a ele persegue de modo incansável -- é alguém capaz de mudar o mundo.

Muhammad Yunus, um muçulmano habitante de Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo, ousou sonhar com um mundo sem miséria e pobreza. Quem irá sonhar com ele e trabalhar para transformar esse sonho em realidade?

Eu convido você a acompanhar a história desse filho da Ordem de Melquisedeque -- e ganhador do Prêmio Nobel da Paz -- que eu pretendo contar ao longo das próximas semanas. Vamos sonhar juntos. Passe esse sonho adiante e faça o que estiver ao seu alcance para tornar esse sonho em realidade.

Beijão


Bento Souto

segunda-feira, maio 18, 2009

MUKHTAR MAI





 


 

A paquistanesa que não se calou

Mukhtar Mai, 28 anos, foi condenada por um crime que não cometeu, e pagou por isso ao ser estuprada coletivamente. Ao contrário da maioria das mulheres de seu país, que ao sofrerem essa violência cometem suicídio, ela resolveu falar. E assim deixou o mundo perplexo com seu ato de coragem e transformou o futuro de sua cidade


 

Violência

Em 22 de junho de 2002, Mukhtar Mai, pertencente à casta de camponeses Gujjar, no Paquistão, foi obrigada a pedir perdão por uma condenação feita pela tribo Mastoi, considerada superior a eles. O crime? O seu irmão Shakkur, de 12 anos, falou com Salma, uma mulher do clã Mastoi. Eles acusaram o garoto de ter ofendido Salma, que tem 27 anos, apenas por ter trocado algumas palavras... Após ser espancado pelo grupo, a polícia o prendeu - sob determinação da tribo. Então, a sua irmã foi escolhida pela família para pedir perdão aos Mastoi, por ser considerada uma mulher respeitável: ensina o Corão para as crianças, recebeu o divórcio do marido e não tem filhos. Ao chegar lá, porém, todos os homens estavam armados e sem nenhuma intenção de misericórdia. Eles a arrastaram até um estábulo e lá ela foi estuprada por quatro homens durante uma noite inteira.


 

O costume local

Mukhtar foi para o seu quarto aquele dia e ali permaneceu por semanas, pensando em suicídio. Depois de ter sido estuprada, o caminho que ela teria de seguir, segundo os costumes locais, seria cometer o suicídio. Só que as notícias que chegavam até ela eram mais revoltantes: seu irmão só foi solto após a sua família pagar fiança, e a tribo Mastoi ainda o ameaçava. Quando ela percebeu que o seu sofrimento tinha sido em vão, resolveu esquecer o suicídio, tão previsível.


 

A escolha pela vida

Mukhtar decidiu viver, para lutar por justiça e ajudar outras mulheres a terem uma vida mais digna. Apoiada pelos pais e fortalecida espiritualmente pelas lições do Alcorão, dizia: "Sou só a primeira gota d'água, mas a chuva virá. E muitas gotas de chuva acabam formando um grande rio."


 

Seu pai, ela, a mãe e quatro irmãos não sabiam ler, nem freqüentaram a escola. Porém, eram muçulmanos devotos, que rezavam cinco vezes ao dia. Mukhtar tinha uma mente privilegiada e conseguia memorizar trechos do Alcorão. Tranqüila, mansa no falar, essa mulher altiva de 1,70 metros de altura pensava, mantendo os profundos olhos negros voltados para baixo: "O Alcorão me protegerá."


 

A luta por Justiça

Chamada para depor na delegacia, ela foi induzida a deixar as suas impressões digitais em um papel em branco. Embora analfabeta, Mukhtar percebeu que ali seria colocado o depoimento que os policiais quisessem. E assim passou por vários depoimentos, sempre forçada pela polícia local a não dizer a verdade ao juiz. Mas ela conseguiu chegar até ele e falar tudo o que haviam feito, além de reconhecer os policiais que tentavam impedi-la de declarar a verdade. Após inúmeras audiências, o caso já havia repercutido em toda a imprensa.


 

A família

A família de Mukhtar Mai é da casta mais baixa dos gujar e vivia de escassos recursos dos campos de cana-de-açúcar e trigo. A casa era de barro e tinham somente poucas cabras e bois, uma vaca e um pedaço de terra. Não dispunham de luz elétrica, telefone, nem água corrente. Mukhtar casou-se aos 18 anos e não teve filhos. Um casamento arranjado. Ela não foi feliz. O divórcio era raro no Paquistão rural - a mulher era mal vista, mas os pais a apoiaram e em menos de um ano Mukhtar recebeu do marido o talaq (na lei islâmica, o repúdio do homem à mulher que a libertou oficialmente do casamento e a permitiu voltar para a casa da família em Mirvala.


 


 

O ensino que ela recebeu

Ghulam, pai de Mukhtar Mai, lhe ensinou a respeitar os mais velhos e a proibia de mentir. "Temos muito pouco, mas possuímos nossa honestidade", dizia à filha, o que fez com que ela desenvolvesse um forte senso de certo e errado.


 

A indenização

Por ordem do governo, a ministra federal para as mulheres, Attiva Inayatullah, deu-lhe um cheque de meio milhão de rupias, cerca de Us$ 8.200, (mais do que seu pai ganharia em décadas). Segundo a ministra, não era uma compensação, mas um pequeno símbolo de "nossa identificação" pelo sofrimento pelo qual Mukhtar passou. Mukhtar, que jamais havia visto um cheque, disse: "Não preciso de dinheiro. O que realmente preciso é de uma escola." Ela teve essa idéia ao perceber que a maioria de pessoas que com ela se solidarizavam eram educadas.


 

O dinheiro da indenização

Então, ela concordou em receber o cheque, desde que pudesse usar o dinheiro para a construção de uma escola para meninas. Determinada, comprou um terreno perto de casa e contratou trabalhadores para a construção de uma escola primária. Ela também ajudou, fazendo tijolos de barro e transportando para o local da obra. A Escola-Modelo para Meninas Mukhtar Mai tomou forma e abriu as portas em dezembro de 2002. O governo pavimentou a estrada e trouxe luz e telefone para Mirvala.


 

As alunas

Acompanhada de guarda-costas da polícia, foi de casa em casa pedir aos pais que enviassem as filhas para a nova escola. A tarefa não foi fácil, pois ouvia sempre a alegação: "Meninas não precisam aprender a ler"; ou: "Só os meninos precisam ser educados." Mukhtar se comprometeu, então, a mandar uma van para buscar cada menina.


 

A escola

A escola não tinha luxo. Em vez de cadeiras, as meninas se sentavam sobre sacos de aniagem. Mukhtar se sentava ao lado de algumas alunas, para também aprender a ler e escrever. Buscou mais recursos, vendeu seus brincos e uma vaca e quando a imprensa divulgou a história, chegaram muitas doações. Ela então contratou carpinteiros para fazer assentos e carteiras de madeira para as alunas. Foram instalados ventiladores no teto, tornando, assim, agradável o ambiente sufocante das aulas. Com saldo suficiente, abriu uma escola para meninos em Mirvala e outra para meninas numa aldeia próxima. E mais de 700 crianças de todas as castas (inclusive da casta mastoi) se misturavam livremente nas escolas.


 

Ajudando outras vítimas

A ação benemérita desta notável paquistanesa não parou por aí. Mulheres, algumas estupradas, outras mutiladas, outras espancadas, outras com cicatrizes horríveis no rosto - vítimas de ataques de ácido, ou sem nariz ou orelhas, punição para supostas adúlteras, procuravam Mukhtar. Foi então criada, ao lado da primeira escola, o Centro Mukhtar Mai de Assistência de Crise da Mulher, para o qual chegava, em média, diariamente, cinco vítimas, em busca de auxílio. Ninguém deixava de ser atendida.


 



 

O livro

Depois da repercussão que o caso teve na imprensa mundial, a jornalista Marie-Theres Cunny e Mukhtar Mai lançaram um livro, Desonrada, para contar essa história. O livro já foi traduzido para vários idiomas e lançado em muitos países, inclusive o Brasil.


 

Lançando sementes

Nós podemos ver nessa história é que, conforme escreveu o apóstolo Paulo, "Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes."
Podemos aprender com Mukhtar Mai que qualquer uma pessoa, mesmo que seja analfabeta pode fazer a diferença no mundo plantando o Bem e denunciando a injustiça, e isso deve começar onde estivermos.


 


"Sinto-me como uma pequena planta que começa a crescer. Ainda precisamos ver os frutos. Mas, na vila onde moro, histórias como a minha não acontecem mais".

Mukhtar Mai


 

Ordem de Melquisedeque

Eu me inclino diante do exemplo dessa mulher simples, a quem honro diante de todos porque, para mim, ela é serva do Deus Altíssimo, segundo a Ordem de Melquisedeque.


 


 

Bento Souto

bentosouto@caiofabio.com

sábado, maio 16, 2009

AOS ATEUS, COM CARINHO!

Acho que o argumento básico dos ateus é o seguinte: "Deus não existe porque há muitas religiões. Se Ele existisse, só deveria haver uma. Como existem muitas religiões, eu não sei qual delas seguir e nem qual o deus que existe, pois o deus de uma é diferente da outra. Cada uma delas tem um livro sagrado e os ensinos de uma são contrários aos ensinos da outra. Sendo assim, eu concluo que Deus não existe ou que, se existir, não faz diferença, pois ninguém sabe quem Ele é mesmo".

Todavia, no fundo, no fundo, o que vocês estão dizendo é:

-- Deus não existe porque Ele não se revelou a mim!

Ora, de uma forma infantil, era isso mesmo que eu dizia quando era ateu e falava, para espanto dos meus amigos: se deus existe, que ele faça essa laje cair na minha cabeça, agora!

Já houve uma época em que eu teria verdadeiro prazer em contar, em detalhes, como foi que Deus se revelou, de forma inequívoca, para mim. Mas, de que adiantaria isso pra você?

Alguém poderia ter um "testemunho" melhor do que Paulo, o apóstolo cristão? Afinal, o sujeito diz que ficou cego por uma luz; ouviu uma voz que dizia ser Jesus; e a voz mandou quem só conhecia Paulo como inimigo para fazer uma "oração milagrosa" que lhe curou da cegueira.

Ora, mas quem continuaria ateu depois de passar por isso?

Algum de vocês ainda continuaria ateu se passasse por algo desse tipo?

Hein? Imagina só isso. Você acaba de ler essa mensagem e já pensa em responder. Aí, do nada, você caí no chão, vendo uma luz tão intensa que te deixa cego. Então, você escuta uma voz [junto com o pessoal da tua casa -- pra você não achar que ficou doido] que diz duas vezes o seu nome:

-- Fulano(a), Fulano(a), por que me persegues?

Acho que a primeira coisa que alguém faria, se algo assim acontecesse, seria perguntar quem falava.

O que você faria se ouvisse como resposta:

-- Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Levanta daí e vai [cego mesmo] pra tal lugar que lá te dirão o que deverás fazer?

Eu pergunto se, depois disso tudo, alguém iria pra outro lugar, senão para onde a voz que dizia ser Jesus mandou? Será que alguém diria algo do tipo:

-- Ei, eu estou cego. Vocês dizem que ouviram a mesma Voz que eu eu ouvi. Mas, larga isso pra lá... eu continuo cego, mas me leva lá pro Hospital Sírio Libanês... lá eles tem bons oftalmogistas e psiquiatras. Tenho certeza que tudo não passou de "alucinação coletiva"... Alguém diria isso?

Então, depois de três dias lá, no lugar que a voz mandou você ir, chega alguém que você não conhece, põe as mãos na sua cabeça, e diz:

-- Fulano(a), irmão(ã), Deus me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu na tua casa, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo. Daí, após essas palavras, caí algo como escamas dos seus olhos e você torna a enxergar.

Me diga, sinceramente, você passaria por isso tudo e ainda diria: sou ateu? Penso que não.

Contudo, se isso tudo acontecesse contigo, saiba, isso não teria nenhum efeito sobre ateus como você. Sim, nada mudaria para os que dizem que Deus não existe. Eles continuariam sem crer porque nada parecido lhes aconteceu e exigindo que, o que aconteceu com você aconteça com eles também para que eles creiam. E sabe o que seria mais curioso? Eles iriam dizer que você é louco, mentiroso, tolo, etc. Eles apenas não considerariam como verdadeira a possibilidade de que você conseguiu ter a "prova" que eles exigem.

Ou seja, a prova que um ateu exige como evidência para aceitar a existência de Deus não serve como prova para outro ateu. Sim, porque quando quando alguém diz, "eu era ateu, mas Deus se revelou a mim de maneira inconfundível", os ateus não acreditam. Portanto, em minha opinião, querer "provar" para um ateu que Deus existe é a mais completa pura perda de tempo.

Assim, o que me leva a escrever isso tudo não é para "provar" que Deus existe. Mas, apenas para dizer que o que eu pedia para acontecer comigo, quando eu era ateu, aconteceu; e eu não posso e nem quero negar. Deus se revelou a mim. Minha oração sincera é que Ele também se revele a você.


Bjs


Bento Souto

quarta-feira, maio 06, 2009

E O LIVRE-ARBÍTRIO?

E o Livre-Arbítrio?

Ah, quanto mais eu leio, mas eu acho que esse é um termo vazio. Nem sabemos o que estamos dizendo ao afirmar que o Homem possui Livre-Arbítrio.

Qual desses homens possui Livre-Arbítrio?

1) O Homem (Adão e Eva) antes de pecar.
2) O Homem caído e sem Cristo.
3) O Homem salvo por Jesus Cristo, mas ainda vivendo nesse mundo.
4) O Homem glorificado nos céus.

O Livre Arbítrio desses 4 Homens acima descritos são iguais?

Depois de ler The Bondage of the Will (Servum Arbitrium), escrito por Lutero (você encontra aí na Christian Book Distribuitors, www.christianbook.com - ISBN: 0800753429), em resposta ao que escreveu Erasmo de Roterdã (De Libero Arbitrium), O Livre-Arbítrio, eu não posso mais dizer que esses 4 Homens possuem o mesmo Livre-Arbítrio.

Todavia, somente para demonstrar que Livre-Arbítrio é um termo vazio, vamos olhar uma definição do que é Livre- Arbítrio.

Um amigo escreveu:
"Livre Arbítrio - liberdade de auto determinação e ação independente de causas externas"

Eu concordo com ela. Acho que a definição é precisa. No entanto, tenho minhas dúvidas de que vejamos o mesmo sentido nessa descrição. Note que a definição diz "liberdade de auto (self, certo?) determinação (escolha, concorda?) e ação (não vou nem entrar na questão de Paulo dizer que escolhe o Certo e faz o Errado, fica pra outra ocasião!) independente (aparte, isolado, correto?) de causas externas (na intimidade do ser, apenas com as coisas do ser, certo?).

Bem, vamos testar se alguma escolha pode ser feita nessas condições. Onde vamos tomar o café da manhã? Na Waffle House ou na IHOP (International House of Pancake)? De que você gosta mais Waffle ou Panqueca? Você deixa para que eu decida? Você gosta mais de panqueca, e eu de waffle, mas você decide ir comer waffle, pois o que importa é a minha companhia? Você gosta mais de estar comigo do que comer panqueca? Infelizmente, a "causa externa" está presente em todos esses processos de escolha. Portanto, o arbítrio não é livre de "causas externas".

Vamos ao cinema. Não, é melhor você ir sozinho para eu não atrapalhar sua escolha. Que filme você decide assistir entre os 12 que estão passando? Sua escolha foi por causa do ator ou atriz? Foi por causa do horário em que ele vai começar? Foi por causa da trama? Foi por que alguém disse que o filme era bom? Onde você vai sentar ao entrar na sala de exibições? Bem no centro, para poder ver melhor a tela? Bem ao fundo, ou na ponta...? Por que você escolhe o lugar onde senta? Não tem jeito, em todas essas escolhas há "causas externas".

Bem, vamos tentar fazer uma escolha sem "causas externas". Você escolheu um modelo de camisa para comprar? E agora, vai ser a azul ou a marrom? Nenhuma das duas, vai ser uma outra cor porque ela é a sua cor favorita? Sinto muito, lá vem "causas externas" no exercício do seu arbítrio... Ou seja, qualquer escolha acontece por causa de inclinações ou preferências, se "preferir" chamar assim.

Livre arbítrio, no processo de escolha de comida, por exemplo,é quando você vai sozinho para um restaurante, na Malásia, e o garçom te dá o menu, e você nem sabe ler o que tá escrito. Você vai escolher um prato sem saber se é líquido ou sólido, se é pastoso ou seco, se é vegetal ou animal, se é cru ou cozido ou se é caro ou barato. Isso é o exercício do livre-arbítrio no processo de escolha de um prato. Ou seja, nenhuma informação (causas externas, lembra?).É como dizer escolha A ou B (se bem que você pode escolher A porque seu nome começa com A...causa externa!). Escolha 1 ou 2! Esquerdo ou direito. Etc.

Nesse ponto, talvez você pense como eu e diga: "peraí, e se for o contrário? E se Livre-arbítrio for um processo de escolha onde se sabe tudo sobre a escolha?" Ou seja, e se Livre-arbítrio for um processo de escolha onde se goste de duas coisas de igual forma? Se não houver preferência (ou inclinação, como eu prefiro chamar) por uma, apenas? A definição acima estaria errada, mas alguém poderia ter a mesma inclinação para os dois lados e escolher um, não seria isso Livre-arbítrio? Afinal, daqui a pouco vamos ter que lidar com o que levou Adão a escolher pecar!

Infelizmente, isso também não funciona. Vamos imaginar que você goste, igualmente, do azul e do marrom. Que camisa você irá comprar? Você só pode levar uma. Qual será? Azul ou marrom? Não adianta, se o gosto for igual, você irá ficar olhando para as camisas pra sempre, sem poder fazer uma escolha. Pois, se escolher uma é porque gostava mais daquela cor do que a outra. Percebe que não há saída? A escolha parece que nunca se livra de "causas externas".

Então, em minha opinião, Livre-Arbítrio é um termo vazio.

Peraí, Bento. E a escolha de Adão? Não foi exercício de Livre- Arbítrio? A de Adão foi livre de "causas externas"? Não estava Eva defronte dele comendo o fruto da árvore que Deus havia dito que se comesse morreria? Isso não é uma boa "causa externa"? E a de Eva, não foi uma escolha livre de "causa externas"? Não havia um outro ser dizendo que se ela comesse o fruto, ela seria igual a Deus? Isso não é uma "causa externa"? Se é assim, então qual foi a "causa externa" que levou Lúcifer a pecar? De onde veio a "inclinação para o mal" no ser dele?

Nesse ponto, acaba a razão humana. Chegamos ao limite da razão. Não há mais terreno para a Razão. Daqui pra frente só se vai pela Fé. É pela Fé que cremos que "Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta". Qualquer dúvida quanto a isso, eu sugiro que você leia de nova a epístola de Paulo aos Romanos. Lá, ele começa a elaborar o problema da Queda que atingiu toda a raça humana. Depois, ele segue com a Redenção através de Jesus Cristo... até que lá pelo final do capítulo 8 ele já está falando daqueles a quem Deus elegeu. E ele segue mostrando até onde a razão pode ir... Deus escolheu Jacó e não Esaú, antes que tivessem nascido ou feito mal ou bem, afim de que o propósito da eleição permanecesse... e segue até que pergunta se não há injustiça em Deus escolher uns e outros não. Note qual é a resposta. Doxologia. Louvor. Não há o que dizer. A razão humana não consegue explicar isso.

Falar de Livre-Arbítrio num ambiente ocidental é muito gostoso. Meu amigo, George Guilherme, repórter sênior da Globo foi para uns países asiáticos fazer uma reportagem sobre um esporte chamado Sepaktracal (parece nome de remédio, não é?). Num belo dia de domingo, na Malásia, ele acordou e quis ir para uma igreja. Perguntou na recepção do hotel e ninguém sabia o que era igreja. Perguntou para várias pessoas até se dar conta de que talvez ele fosse o único cristão naquela cidade. Se lermos Atos 16, veremos o motivo de George não encontrar cristãos ali. Deus tinha outros planos. Nós não sabemos explicar, apenas cremos e louvamos.

Ou você pode explicar por que eu vivi uma vida saudável (até hoje, graças a Deus) e minha prima Bernadete tem a mente de criança de dois dias de nascida? Nunca disse uma palavra. Nunca disse onde é que estava doendo. Nunca abraçou alguém e disse "eu te amo". Nunca saiu do lugar sem que alguém a carregasse. Nunca comeu nada que alguém não houvesse posto na boca dela. Nunca deu um passo na vida. Você pode explicar por que ela é assim e o irmão e a irmã dela não são? São 45 anos de uma vida dessa maneira.

Acho que nem você e nem ninguém pode. Deus disse que é Ele quem faz pessoas como Bernadete ou com qualquer outra enfermidade de nascimento (Ex. 4:11). Eu não entendo, será que por isso eu devo deixar de louvá-lo? Ou eu admito que a Razão Humana possui limites? Essa discussão toda sobre Livre-Arbítrio, Eleição, Predestinação, etc., é tentativa de explicar o inexplicável. Há muito exagero e gente, como dizia Calvino, "que entra nos aposentos íntimos de Deus sem a reverência devida". Eu não quero ser um deles.

Sou apenas alguém que tem convicção de que não sou melhor do que ninguém. Sou amigo e discuto a vaga de "principal dos pecadores". Por isso, termino com as palavras daquele personagem de Ariano Suassuna: "eu não sei não, só sei que foi assim".

Abraço,

Bento Souto
25 de Julho de 2004.

sábado, maio 02, 2009

ORDEM DE MELQUISEDEQUE

O que vem a ser essa ORDEM DE MELQUISEDEQUE?

Segundo a tradição Judaico-Cristã, Melquisedeque é o rei de Paz e “sacerdote do Altíssimo” que abençoou Abraão – o patriarca, de quem descendem as três religiões monoteístas da Terra: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Portanto, Melquisedeque já era “sacerdote do Altíssimo” antes essas religiões fossem estabelecidas ou houvesse o que é chamado de escritura sagrada.

A pergunta que eu me faço e convido você a fazer também é: como Abraão reconheceu que Melquisedeque era “sacerdote do Altíssimo”, se não havia um corpo de Pastores, Bispos ou Mulahs que atribuísse legitimidade eclesial a esse “sacerdócio”?

Será que nós também, a semelhança de Abraão, podemos reconhecer que alguém é “sacerdote do Altíssimo”, hoje, mesmo que esse alguém não possua títulos concedidos por entidades religiosas?

Eu creio que nós podemos, sim, desde que, de saída, admitamos que esse reconhecimento é subjetivo. Ou seja, ele acontece apenas no íntimo de cada um de nós.

Portanto, o que eu procurarei apresentar aqui são pessoas a quem EU reconheço como “sacerdotes do Altíssimo”. Essas pessoas abençoam a mim e muitos outros com suas vidas, suas ações e suas escolhas. Muitas dessas pessoas são completamente desconhecidas de nós, assim como eram para os Judeus dos dias de Jesus: os “magos do Oriente”; a mulher sírio-fenícia; o centurião romano e demais personagens a quem os escritores do Novo Testamento dão testemunho como pessoas de Fé exemplar. São pessoas de outros Credos (ou sem Credo algum), mas que são reconhecidas, por mim, como “sacerdotes do Altíssimo”.

Espero que você embarque comigo nessa viagem.

Espero também que você contribua com esse espaço enviando sugestões de pessoas e iniciativas que tenha feito você louvar a Deus. Faça isso escrevendo para bentosouto@caiofabio.com

Se você achar que deve, divulgue também para os seus amigos.


Beijão


Bento Souto
bentosouto@caiofabio.com

sexta-feira, maio 01, 2009

MATE COMIGO!




Bem antes de eu conhecer televisão meu pai me levou para assistir um filme. Assim, desde muito cedo eu me apaixonei pelo cinema. Era a maneira que um garoto pobre como eu tinha para "conhecer" outros lugares e outros povos.

Hoje, depois de já ter assistido milhares de filmes raramente eu me impressiono com uma película. Ontem, eu vi um que me impressionou e eu recomendo a quem gosta de um bom filme.

O título dele em Português é: SEM VESTÍGIOS (Untraceable - em Inglês)

O filme é atualíssimo e mostra uma divisão do FBI dedicada ao combate aos crimes na Internet. Quem pensa que já viu tudo irá se espantar com um criminoso que mata suas vítimas de uma forma inusitada: online! O público é quem realmente mata a vítima, pois quanto mais pessoas assistem mais rápido a vítima morre.

SEM VESTÍGIOS foi o filme mais inteligente e inquietante que eu assisti até agora em 2009. Na verdade, acho que o título dele deveria ser o nome do site do assassino: MATE COMIGO (Kill with me), pois a curiosidade das pessoas é quem acaba matando as vítimas.

Não é filme para crianças, mas é inquietante. Estão chamando ele de "O Silêncios dos Inocentes" da era da Internet.

Bom, assista você de pois me fale o que achou.

Eu recomendo!


Bjs Bento Souto


Bento Souto