segunda-feira, agosto 01, 2011

ADOÇÃO NÃO DEVE SER UMA MISSÃO

De: Marinah Flor de Maio

adotada

Hoje me emocionei profundamente ao ver as fotos e ler o blog de uma amiga que adotou um rapazinho das Filipinas. Como desejaram esta criança e como louvam a Deus em gratidão pela vida desta criança.

Penso que qualquer adoção é bem sucedida se a chegada da vida de um filho(a) na vida de um pai e mãe seja, no mínimo, da mesma importância, de preferência de maior importância, para os pais, como a chegada de um pai e mãe adotivo na vida da criança. Do contrário não é adoção, e, sim, missão.

Nada é mais anti-adoção do que a missão adotiva.

Como filha adotiva eu cansei de ouvir meus pais dizendo a seguinte frase: “te adotamos porque tudo o que queríamos era te dar um futuro melhor.”

E, em minha volta, comentários repetitivos. “Ah, você é filha adotiva, é? Você deve ser muito grata por eles terem te adotado porque se não, se não...”

Comentários especialmente feitos por estes que pensam que qualidade de vida consiste em bens e oportunidades que a vida em um país de primeiro mundo pode oferecer.

Se espantam e me julgam a maior ingrata do mundo quando afirmo que trocaria tudo isso, sem hesitar, por uma vida na favela em uma casa de pau a pique, fogão a lenha e privada seca, se fosse pra crescer no colo de um pai e uma mãe que afirmassem: “tudo o que queriamos era ser pai e mãe. Somos gratos a Deus porque através de sua adoção, Deus atendeu a nossa oração.”

Imaginem! Botar um filho biologico no mundo e virar pra ele e dizer o tempo todo: “seja grato por ter nascido porque senão, senão...” Ou, dizer: “tudo o que queriamos era te botar neste mundo pra te dar um futuro melhor.”

Um filho destes, com o meu temperamento, mandaria estes pais tomarem no buraco negro. O que foi o meu caso. Sim, porque eu, como qualquer filho, não tive nada a ver com a escolha dos pais de terem me botado no mundo ou me adotado.

A única diferença, neste caso, entre eu e um filho biologico, é que um filho biologico que manda os pais tomarem no fundilho, por esta transferência de responsabilidade, passa a ser visto como um rebelde e/ou dificil. E, eu, como filha adotiva, passei a ser vista como uma rebelde, dificil, e... ingrata! rsrsrs

Gratidão...

Gratidão, sim! Pelo meu Pai que tanto queria ter uma filha e me fez. Sim, pois mesmo antes de nascer neste mundo ou ter sido missão adotiva, eu já era Sua filha.

Sou grata porque o Pai me adotou. E, sou grata pelo amor do Pai através de Cristo que, de fato, é a única prova de DNA entre nós.

Não há qualidade maior de vida do que a vida em que a gente se sente vinculado assim ao próprio Criador.

Troquei, sem hesitar, a minha ira da missão adotiva para viver o amor e o perdão do Evangelho que me alcançou pela graça deste meu Abba Pai.

Meus pais adotivos foram o meu “cestinho de Moisés.” Foi Deus que não permitiu o “cestinho” afundar comigo nele.

Eu sou uma agraciada. Isso sou.

Adotada pelo meu próprio Pai!

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*Marinah é uma amiga brasileira/holandesa, assistente social em um grande hospital (500 leitos), mãe de duas crianças, Aisha (6) e Caio (3), casada com Michel (um policial holandês), reside em Hoofddorp, na Holanda, e que escreve coisas maravilhosas como essa, cheias de sensibilidade e humor, que eu pretendo continuar publicando aqui no blog.

Bento Souto

http://blogdobento.blogspot.com/

blogdobento@hotmail.com

2 comentários:

Bella Dourado disse...

Que lindo e emocionante texto.
Parabéns pela escolha, continue publicando que eu prazerosamente virei para ler.

Que Jesus nos abençõe

Fernanda disse...

Lindo texto...Realmente muitas pessoas ao adotar acham que estão fazendo caridade. Sempre digo que se for assim, criem um gato, um cachorrinho, ou saiam pelo mundo fazendo missões humanitárias. Porque para adotar uma pessoa deve existir pessoas que querem ser pais, pessoas que querem ser filhos e muito amor.