segunda-feira, abril 25, 2011

EU GOSTO É DE SATANÁS!






-- Eu gosto é de Satanás. Eu não gosto de Deus. Já estou condenado ao Inferno -- era isso que "Dario" bradava a plenos pulmões.

Me aproximei de "Dario", olhando nos olhos dele, buscando algum sinal de possessão demoníaca. Afinal, eu já conversara com ele algumas vezes e ele sempre se mostrara um sujeito muito afável, apesar de nem sempre conseguir dizer coisa com coisa. Enquanto orava, no Espírito, pedindo a Deus por discernimento, também chegou perto de mim uma Irmã e disse:

-- Ligue para isso não, Bento. Ele não sabe o que está dizendo. Isso ainda é crise de abstinência do alcóol. Há dois anos ele chegou aqui. Morava na rua e bebia mais de três litros de cachaça por dia. Doutor João, o médico do Asilo, nos disse que não cortássemos o alcóol de uma vez, pois isso poderia matá-lo. Nós dávamos um copo de cachaça por dia para ele. Mas ele esteve muito mal de saúde, no final do ano, e tivemos que cortar a cachaça por causa dos medicamentos. Por isso, quando está agoniado pela falta da cachaça, ele fala essas coisas. Mas Deus releva isso. "Dario" não sabe o que está dizendo.

Eu pensei comigo mesmo. Se nós, seres imperfeitos, somos capazes de perceber algumas loucuras e relevá-las, que dirá Deus?

Desde os dia em que uma moradora de rua disse o nome completo de um amigo meu, sem o conhecê-lo, e em Inglês perfeito, eu já vi muita loucura sendo tratada com exorcismo e possessos sendo tratados com Gardenal. Outro amigo, com muito mais experiência nessa área, me disse que, certa vez, olhou para um possesso com tanto amor, mas com tanto amor, que o demônio não resistiu e saiu sem que meu amigo dissesse uma palavra.

Após alguns minutos de carinho e cuidado, "Dario" voltou a ficar tranquilo e eu lembrei da recomendação do apóstolo Pedro.

"Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados" (1 Pedro 4:8).

E a vida no Asilo voltou ao normal. Sem a neurose e o espetáculo que afirmações como a que "Dario" fez provocaria em certos ambientes ditos "cristãos".

Dei graças a Deus por tudo que presenciei e, principalmente, por ver que "o Amor sempre vence".


Abcs Bento Souto

4 comentários:

Ed disse...

me senti como esse carente...

Marco Antonio disse...

Lembrei de ter lido em um do Caio Fábio que um demónio que estava em uma mulher começou a agir como se o amor do Caio por ela fosse capaz de expulsa-lo, mas o Caio consegue discernir sua artimanha e o expulsa em nome de Jesus.

Marco Antonio

Aslam disse...

Tambem prefiro ficar com que Jesus ensinou, quem tem amor maior que Ele? mas mesmo assim expulsava demonios, e nos ensinou a expulsa-los em seu nome...

Bento Souto disse...

Acho um barato essa miopia de enxergar as coisas apenas como os "papas evangélicos" ensinam. Ninguém mais parece crer no que dizem os textos bíblicos ou no poder do Amor. Tem que ter o "teatro espiritual" para que o povo veja. Nada mais pode ser feito em oculto e nem sem palavras. Ou seja, para muitos crentes, um(a) mudo(a) não pode expulsar demônios. Para mim, o Amor tudo pode, até reconhecer a diferença entre a necessidade de um Gardenal ou de um confronto espiritual. Mas, para muitos, Gardenal é concorrente de Jesus... rsrsrs