terça-feira, março 01, 2011

EDILSON BRAGA, O LOUCO DE DEUS

Se Dona Luizinha deixou marcas indeléveis em minha capacidade de aprendizado, Pr. Edilson de Holanda Braga ensinou-me "como crescer no conhecimento e na graça do Senhor" através do método mais eficiente que se tem notícia -- o exemplo.

Em 1992, quando íamos ao Chile, numa caravana de pastores batistas (só eu de leigo) para um trabalho promovido pela Junta de Missões Mundiais, ouvi Pr. Eli Fernandes contando uma das "loucuras" do Pr. Edilson. Eles (Eli e Edilson) eram jovens seminaristas e estavam participando da Primeira Transtotal -- um esforço evangelístico no estado do Pará, em localidades próximas a Rodovia Transamazônica. Eli conta que viajavam numa "Rural velha", ele, Edilson e Gérson Matos (outro seminarista). Em dado momento, Edilson Braga, que conduzia o veículo, deixou a Rodovia Transamazônica -- que já era uma temeridade devido as péssimas condições de tráfego -- e entrou numa das estradas vicinais começando a adentrar cada vez mais na mata. Eli e Gérson perguntavam o por quê daquilo, e Edilson respondia que "sentia que Deus quer que eu vá por aqui". O temor de que aquilo fosse uma "loucura" começou a crescer em Eli e Gérson pois a noite se aproximava e se a velha Rural tivesse um problema ou atolasse eles teriam que dormir no "meio do mato" pois não havia viva alma naquela vicinal. Edilson continou mata adentro até que parou em frente a uma casa que ficava às margens da estrada. "Deus manda que nós paremos aqui. É naquela casa", disse Edilson. Ao iniciarem a conversa com os moradores daquela casa, ficaram sabendo que todos eles haviam se convertido ouvindo rádio (talvez a Transmundial) e estavam orando para que "Deus enviasse alguém até eles".

Assim é Edilson de Holanda Braga, um "louco de Deus"! Eu já havia ouvido esta mesma narrativa contada do mesmo jeito por Pr. Gérson Matos e Eli Fernandes confirmava que a mesma não fora "um delírio para glória de Deus". "Louco de Deus" foi a definição que Reis Pereira encontrou para definir Edilson Braga. Eu também tive o privilégio de compartilhar dessa "loucura santa"! Quando Deus fez com que o meu caminho cruzasse o de Edilson Braga, providenciou para que nunca mais eu fosse o mesmo.

O meu ateísmo era muito mais fruto de uma escolha espiritual do que uma aversão a "burrice dos religiosos", apesar de que essa última contribuía também. Minha mãe não conseguia explicar por que se o meu irmão mais novo morresse sem ser batizado iria para um lugar diferente do outro que era um ano mais velho e era batizado. "Se todos dois são incapazes de andar, comer sozinhos, falar ou cumprir qualquer tarefa, e um irá para o céu e o outro para o 'limbo' porque vocês não o levaram para ser batizado, acho que esse Deus que vocês crêem não é justo e pende para a idiotice, pois se alguém merece ser punido pelo mais novo não ser batizado, são vocês e não ele", era o meu arrazoado.

Com os "crentes" a situação não era diferente. O primeiro que tentou me evangelizar, num dormitório de uma das construtoras da Hidroelétrica de Tucuruí, foi um fracasso. Depois de ouvi-lo falar por um pouco, perguntei: "e os discos voadores? e as pirâmides?", com interesse de saber o que ele pensava e não em invalidar o que ele havia exposto. "Não dêem ouvidos a isso, pois isso é coisa do diabo", foi a resposta dele, virando as costas para mim e se dirigindo aos meus dois companheiros de quarto. "Pois caia fora daqui senão o diabo vai mandar a mão no seu pé-do ouvido" foi a minha reação. Se ele tivesse tido a honestidade de dizer "sobre isso eu não sei nada, mas o que eu sei sobre Jesus talvez você não saiba", possivelmente teria ganho a minha amizade.

Com Edilson Braga o contato foi diferente. Quando eu apareci, já convertido, tendo lido toda a Bíblia, e fazendo perguntas, obtive o exemplo como resposta. Nunca senti nenhum medo da parte dele em me deixar brincar com os seus filhos, ou de me levar para sua casa para comermos ovo com farinha, apesar de todos saberem da minha ex-dependência das drogas. Edilson Braga se assemelhava muito a Barnabé. Ninguém confiava em Saulo de Tarso, mas ele o recebia e encorajava, pois confiava mais em Deus do que nos homens. Quando manifestei ao Edilson Braga o desejo de trabalhar na igreja dirigindo uma Kombi que servia a obra missionária, ele não titubeou e aceitou na hora. Não só fez isso, como também investiu em meu próprio crescimento, dando-me livros para ler e surprendendo-me com oportunidades para dar o meu testemunho público perante não só a igreja, como também nas feiras e praças.

Edilson Braga sempre teve um comportamento considerado "louco". Quando terminou o curso no seminário, ele foi até a Junta Executiva da Convenção Batista do Pará e Amapá pedir ajuda para "abrir um trabalho" em Tucuruí. Nosso querido irmão Johnny Natananel Burnet, secretário executivo, seguindo os trâmites normais da Junta, disse que a Junta iria avaliar o pedido de Edilson e em seis meses daria a resposta. "Quando tiver a resposta o irmão mande lá para Tucuruí, pois eu e minha família estamos embarcando para lá, amanhã", foi a resposta dele. Seis meses depois, Edilson já havia conseguido formar uma congregação de mais de
100 pessoas que se reuniam num velho barracão de madeira coberto com telha "brasilit" (de cimento amianto) quente de fazer todos suarem. Aquilo era uma igreja "quente" de verdade. A Junta de Richmond resolveu ajudar e enviaram através do Dr. Burnet uma oferta para construir um pequeno templo.

Três meses após a oferta haver sido enviada, quando foram olhar o novo templo de tijolo e telha de barro, se surpreenderam mais uma vez. Edilson havia usado o dinheiro para comprar um terreno vinte vezes maior do que aquele onde se localizava a pequena congregação. Dez anos após essas "loucuras", quando a Convenção Batista do Pará e Amapá se realizou em Tucuruí, o maior prédio de cimento existente na cidade era a Primeira Igreja Batista de Tucuruí, com seus 150 lugares só para o Coral, e capacidade para mais de 1.500 pessoas no total. Essa igreja foi durante muitos anos (não sei se ainda é) a segunda maior igreja do estado do Pará, em número de membros e em contribuição para o plano cooperativo e ofertas de Missões.

Muito mais do que um homem de ação, Edilson Braga sempre foi um homem de visão. Foi com ele que eu aprendi que a obra é de Deus, e é Deus quem "trabalha até agora". Todos os dias, as 6:00 horas da manhã, eu ia pregar na feira-livre da cidade. Um detalhe, meu companheiro era um pastor da Igreja Cristã Evangélica do Brasil. Apesar de ser comprometidíssimo com os ideais batistas -- ele batizava pessoas em pleno Rio Tocantins, com direito a desfile em cima de caminhão, vestido de batas brancas (eu mesmo passei por isso)-- Edilson Braga sempre soube que o reino de Deus era maior que sua denominação. Nunca se recusou a ajudar um pastor ou irmão de outra denominação, até mesmo mostrando locais para que eles abrissem suas igrejas. Foi assim com a Igreja do Evangelho Quadrangular, em Belém do Pará, onde o líder máximo dessa denominação, missionário Josué Benção, seu amigo pessoal, começou a realizar cultos num local apresentado por Edilson Braga.

Edilson Braga cria no Deus a quem orava e na poder da palavra que pregava. Talvez não haja no Brasil nenhum pastor batista brasileiro que tenha distribuído tantos "Novo Testamento - O Mais Importante é o Amor" quanto Edilson Braga. As vezes chegavam caminhões desses livros e eram armazenados em salas de aula e onde mais pudesse abrigá-los do sol e da chuva. Pr. Fanini parece saber disso pois em 1983 quando a Associação Billy Graham convidou líderes do mundo inteiro para o seu Congresso em Amsterdã, Edilson Braga foi um dos poucos pastores batistas do Norte do Brasil a ser convidado.

Mas não havia preocupação apenas com o "lado espiritual" das pessoas. Todas as congregações da igreja em bairros pobres, como também nas dependências da PIB de Tucuruí, abrigavam uma escola para crianças carentes, o Projeto Casulo. Devido ao fato de Edilson Braga receber mais crianças do que era autorizado, as verbas para merenda escolar e materiais tornavam-se insuficientes. O problema era resolvido com mais uma "loucura". Lembro de quando ele me enviou a cidade de Sapé na Paraíba com a missão de comprar 15.000 abacaxis. Esse carregamento foi comprado com o dinheiro que o governo enviou para comprar a merenda escolar. Transcorrido o percurso de mais de 2.000 quilometros de distância entre as cidades de Sapé-PB e Tucuruí-Pa, tive a incumbência de vender os 15.000 abacaxis. Vários irmãos foram localizados em esquinas da cidade, com montes de abacaxis sendo vendidos aos traseuntes e pessoas que passavam de carro. Apesar do esforço, 15.000 abacaxis para uma cidade que tinha uma população menor que 30.000 habitantes era um exagero. Tive que ir vender abacaxis em outras cidades como Marabá e Curionopólis. Ao final daquela "loucura" havia dinheiro suficiente para alimentar todas aquelas crianças durante todo o ano!

Essa característica de "aumentar o dinheiro" destinado a obra do Senhor sempre foi uma característica dele. Lembro de muitas vezes, perto do dia de ofertas para missões, quando ele via um daqueles agricultores vendendo sua produção as margens da rodovia. Edilson Braga me fazia parar o veículo, comprava o que estivesse a venda; fossem mangas, cacau ou qualquer coisa comestível. Já em Tucuruí, no período da tarde, após os seus filhos haverem chegado da escola, ele os colocava para vender aquilo dizendo: "Filho, o papai tinha dez reais para dar a você para que você ofertasse para missões. Comprei isso, você agora vai vender e ao invés dos dez que o papai te deu, você vai poder ofertar 20 ou trinta, dependendo do caso". Talvez esse comportamento sejo o motivo de todos os seus filhos terem concluído curso superior e serem completamente dedicados a causa do Senhor. Sem mencionar que eles próprios se mantém, e faziam isso mesmo antes de completar dezoito anos.

Que eles próprios se mantenham, sempre foi um necessidade, pois Edilson Braga nunca pôs no bolso um salário da igreja que pastoreava. Receber, ele recebia, e fazia questão, mas imediatamente devolvia aos cofres da igreja em forma de oferta. Fazia isso pois dizia que os irmãos precisavam saber que "o obreiro é digno do seu salário", e que talvez aquele que o substituísse não fosse "negociante". Através desses gestos Edilson Braga estava demovendo de minha mente a idéia mercantilista dos líderes religiosos e me ensinando a depender de Deus para sobreviver. Ele também me dava uma lição de humildade, pois como ele não tinha salário, quem arcava com as despesas de casa era sua fiel esposa, Irmã Lídia Barros Braga, filha do Pr. Sóstenes Barros e da irmã Dalva Barros, verdadeiros baluartes dos batistas brasileiros. A irmã Lídia era a diretora geral de todas as escolas que a Eletronorte mantinha em Tucuruí.

Edilson Braga e sua família sempre tiveram um ardor missionário tremendo. Parece que ele tomou para si a responsabilidade de continuar a obra de Eurico Alfredo Nelson, missionário americano, a quem um historiador batista que escreveu sua biografia chamou de "o apóstolo da Amazônia". Existem inúmeras cidades no estado do Pará que possuem trabalho batista, graças a Deus e as "loucuras" de Edilson Braga. Carajás, Paraopebas, Curionopólis, Marabá, Repartimento, Breu Branco, Goianésia, etc., e muitas outras que são posteriores ao meu tempo, foram cidades que os métodos não-ortodoxos de Edilson Braga e o apoio das Juntas de Missões Estaduais e Nacionais ajudaram a estabelecer o trabalho batista. A maioria dos trabalhos nessas cidades foi iniciado por irmãos sem o menor preparo acadêmico.

Lembro especialmente do irmão Pedro Ciriano, semi-anafalbeto, que começou o trabalho batista em Curionopólis e em Paraopebas. A estratégia usada foi mais ou menos a seguinte. Pedro Ciriano viajou até aqueles vilarejos. Lá chegando, começou a procurar de casa em casa onde moravam os crentes. Achado um crente, duas perguntas básicas: frequentava alguma igreja? era batista? Quando ele achava crentes batistas ou não, sem igrejas, convidava-os para participar de um grupo de estudo bíblico. Com esse pequeno grupo, começava-se o trabalho de evangelismo e doutrinamento de práticas batistas. Quando o grupo ficava grande para se reunir numa casa, alugava-se um local, até que pudessem ter um templo. Normalmente, quando o grupo atingia tamanho e maturidade para se tornar uma igreja, a Junta era convidada a enviar um obreiro. Nascia assim mais uma igreja batista. Quem sabe Pedro Ciriano não andou treinando César Castelhanos?

O sustento desses "missionários" era um "negócio de louco". Geralmente, durante um dos cultos da igreja, Edilson Braga chamava o "candidato a missionário a frente" e pedia que o mesmo desse testemunho dos motivos da sua ida, das perspectivas para o trabalho e dos custos do projeto. Naquela mesma hora era feito um "apelo" em busca de mantenedores. Alguns irmãos se comprometiam a irem ajudar com suas presenças. Outros se comprometiam em ajudar financeiramente dizendo nominalmente o valor que destinariam mensalmente para o projeto. Enfim, tudo era decidido "na hora" e todos se comprometiam. Cada projeto tinha uma característica. Em uns o "missionário" pedia para alugarem uma máquina Xerox, e com os rendimentos obtidos com os serviços de fotocópias, as despesas totais ou em parte eram pagas. Noutros, uma serra era comprada e com a venda de madeiras se pagavam as despesas.

Além de um homem de ação e de visão, Edilson Braga sempre foi um homem de oração. Qualquer local e hora é bom para oração. Certa vez, enquanto aguardávamos a chegada de um avião, um vereador amigo dele perguntou se ele tinha coragem de começar a pregar ali mesmo, naquele instante, para aquelas pessoas que juntamente conosco aguardavam a chegada do avião. "Nesse instante, não tenho, mas se eu tiver dois minutos para ficar a sós com Deus, eu saio de lá ardendo de desejo de pregar", foi a sua resposta. Total dependência de Deus sempre foi o seu lema. Quantas vezes presenciei a cena de pessoas que foram evangelizar - de casa em casa ou em praças públicas - dizendo que não conseguiram ver ninguém se decidindo pór Jesus? Muitas, e em todas elas a receita de Edilson Braga era sempre a mesma: "vamos orar". Terminado o período de oração, ele mandava que as pessoas voltassem ao mesmo local e evangelizassem de novo. Quase sempre o resultado era decisões ao lado de Cristo!

Depender de Deus! Esse era o lema! Orar e esperar que Deus agisse. No meu segundo domingo indo a igreja, Edilson Braga me levou para visitar e pregar aos presos, além de levar um caldeirão de K-suco com pão doce. Ele fazia isso todos os domingos, logo após o almoço e antes de sair com os demais irmãos para as pequeninas congregações nos bairros mais distantes onde os irmãos não tinham condições de ir para a igreja, à noite. Havia também as visitas aos enfermos nos hospitais. Durante a semana, antes de irmos para alguma congregação, ele nos levava para pregar em algum acampamento dos trabalhadores das empresas que construíam a barragem de Tucuruí. O método era sempre o mesmo. Ligar o som da kombi e deixar tocando uma música enquanto distribuíamos folhetos e convidávamos as pessoas para que viessem ouvir a palavra. Em seguida, cantávamos um hino ou cântico e pregavámos a palavra. Nós, que o acompanhavámos, dávamos testemunho, e ele sempre pregava e fazia o apelo.

Um dia, quando já me preparava para ir, ele disse que não poderia ir comigo. Oramos e ele mandou que fosse pegar alguém para ir comigo. Por mais que buscasse, infelizmente, não achei ninguém que pudesse ir comigo. Vendo o seu exemplo, decidi ir sozinho. Chegando lá, quase me arrependo. Lá estava eu morrendo de vergonha e tendo que fazer tudo sozinho. Dei testemunho, preguei e quando cheguei ao final, fiz o apelo mais "maluco" de toda a minha vida. Disse a todos que enquanto eu cantasse uma música (quem me conhece sabe que isso é quase impossível, pois sou o "maior dos desafinados" e fora de ritmo) todos aqueles que quisessem entregar suas vidas a Jesus viessem até a plataforma onde eu estava e se colocassem ali de joelhos. Lógico que eu esperava que ninguém viesse. Ademais, por causa da vergonha que era desafinar e cantar fora de ritmo em público e num solo, eu fechei os olhos. Contudo, com a ajuda de Deus, de olhos fechados, eu cantei toda a letra até o final. Lembro até hoje da letra daquela música que eu só ouvira uma vez e nunca soube quem era o autor.

Quando Jesus me salvou
eu andava perdido
sem consolação
as trevas já eram tantas
que luz eu não via
só escuridão
Hoje me sinto feliz
pois fui redimido
por Cristo Jesus
pois só me falta a familia
meus entes queridos
levarem sua cruz

Ó meu Jesus tão amado
já me sinto salvo
do mundo de horror
de todos os vícios malditos
Jesus com sua graça
já me libertou

Os companheiros que eu tinha
zombavam e diziam
"ele não fica lá"
outros diziam "coitado
já depois de velho
quer regenarar"
mas eu clamava e pedia
Jesus me segura
não deixa eu cair
já que salvastes minha alma
ilumina a estrada
e me deixas seguir

Ó meu Jesus tão amado
já me sinto salvo
do mundo de horror
de todos os vícios malditos
Jesus com sua graça
já me libertou

Ah! Aquela voz desafinada, fora de ritmo, cantando um hino desses, sem acompanhamento de instumentos, acapella (sem instrumentos), e sozinho?! Os olhos fechados por causa da vegonha e ainda por cima um apelo "maluco" daqueles!? O que era de se esperar?? Quando eu abri os olhos, havia cerca de vinte homens de joelhos, em atitude de oração, ao meu redor na plataforma. Depender de Deus, depender de Deus, a obra é de Deus, é Deus quem "trabalha" e Ele escolheu as coisas loucas desse mundo para escandalizar os "sábios"! Edilson Braga havia me ensinado a mais importante lição teológica que um cristão pode aprender: depender de Deus!

Quando li o que Agostinho escreveu sobre seus sentimentos acerca do grande Ambrózio, percebi que aquela situação me era familiar. Nunca discuti teologia com Edilson Braga. Nunca lembro de ter visto ele falando mal de alguém. Eu até que gostaria mas não ele não tinha tempo. Não que ele não estivesse a altura. Pelo contrário, Edilson Braga foi um dos individuos que eu vi ler mais livros em toda a minha vida. Qualquer minuto de espera em algum lugar, lá estava ele lendo. O que o inspirava era o testemunho de outros cristãos. Miller, Carey, Hudson Taylor, Finney, Moody, Bunyan eram figuras que sempre estavam presentes entre seus livros. Também haviam escritores atuais. Fossem dos tipo auto-ajuda, Schuller, Peale, Osborne, etc. Fossem os que estão na última moda: Cho, Colson, Schaeffer, Caio Fábio. Enfim, não importava o assunto, lá estava ele se informando, mas mantendo o nível de pregação para que uma criança pudesse entender. A esposa era responsável, a pedido dele, por anotar qualquer palavra difícil para que a mesma não fosse mais usada. O lema era simples: "alimento para ovelhas, se as girafas quiserem se alimentar que se baixem".

Bem, acho que vou parar senão isso se transforma em livro, ainda que Edilson Braga mereça uma biografia. Acho que ele nunca esreverá, pois não me recordo de jamais ter visto uma única folha de papel escrita por ele. Ah, ia esquecendo. Certa vez, eu escrevi uma carta para ele. Era uma carta desaforada. Eu fiquei transtornado quando após ter contado a ele que eu havia me apaixonado por aquela que viria a ser minha esposa, ele sugeriu que eu casasse logo. Na carta eu disse a ele que ele sugeria aquilo pois a moça não era filha dele, pois se fosse ele não sugeriria aquilo. Afinal, eu não possuía nenhuma renda e vivia das doações dos irmãos na igreja. Ele nunca comentou sobre a carta comigo. Acho que deve ter lido e jogado no lixo. Ao invés de perder tempo tentando demonstrar que eu estava errado, ele arranjou um trabalho para mim em Belém e me recomendou ao futuro patrão. Menos de um ano depois eu estava casado. Hoje, analisando de novo a situação, acho que o conselho dele seria o mesmo, ainda que a moça fosse a filha dele.

De qualquer forma eu gostaria de deixar registrado o profundo impacto que o exemplo dele produziu em minha vida. Que Deus nos dê homens como Pr. Edilson Braga e que conceda a ele ainda muitos anos de vida.

Abraços Bento Souto

8 comentários:

Mr. Dennis Portell disse...

Ola Bento, td bem?

Cheguei ao seu blog por meio do tópico que você postou na comunidade "Crer é também pensar", que por sinal, foi um excelente tópico!

Gostaria de dizer que achei o seu blog muito interessante e que ja estou te seguindo! (he he)

Fico feliz ao ler coisas do tipo "As loucuras do Edison Braga", pela simplicidade e pelo amor a Deus que fica evidente por meio de histórias como essa.

Deixei de ser um cristão institucionalizado a 2 anos, desde que comecei a estudar a história da Igreja e entendi que a Igreja institucional com seus templos e liturgias limita a ação do Espirito Santo por meio da própria Igreja. Creio que, nas narrativas sobra a loucura do brother ai (hehe), como você mesmo disse, ele se deixou conduzir pela ação de Deus e foli além do cristianismo institucional de sua congregação.

Grato pela apresentação do texto e do blog!

Deio aqui meu blog (que por sinal segue uma linha parecida com o seu) e meu email para contato. Espero ter retorno. Abraço!

dennisportell@hotmail.com

www.dennisportell.blogspot.com

Unknown disse...

Bento, nao sabia que vc tinha um blog, alias, sei poucas coisas rs, fiquei feliz de ler tudo que li, que Deus te abencoe e que voce possa nos abencoar sempre, com seus testemunhos e experiencias! Abraco! Duque!

Unknown disse...

Voce, irmao Bento, nao faz ideia como esse texto, esta estoria de vida veridica mudou minha visao, meu viver no dia de hoje (Marco 8, 2011).
Hoje eu tive certeza que, pela misericordia de Deus, unicamente, a nossa dependencia em Deus, o ouvir somente a voz de Deus assim como andar em constante oracao, nos faz simplesmente felizes e aptos a fazer a diferenca no nosso meio cristao e no mundo. Que maravilha ter tido a oportunidade de conhecer uma historia de homen tao temente, dependente, servo, filho e amigo de Deus!
Que o Pr Edilson Braga esteja ainda por muitos anos conosco, e quanto ao irmao Bento, parabens pelo presente de Deus em ter te dado alguem tao especial como espelho, modelo e discipulador para seguir! Deus eh lindo, fiel e soberano!!
Um abraco,
Marcia Romero
Orlando, FL

Edson Barbosa disse...

Olá Bento,
Li seu relato fantástico a respeito do Pr. Edilson Braga, e louvo a Deus pela vida desse homem que manifesta a graça de Deus de forma prática e não com relgiosidades barata.
Tive o privilégio de conhecer Pr. Edilson e sua família nos anos 90 e eles me inspiraram pela maneira humilde e destemida de servir ao Senhor e nos últimos anos andei com membros de sua igreja que devido ao modelo que viram em seu pastor dedicam-se ao ministério do Senhor.
Abraços e continue a usar seus textos para edificar e desafiar o povo de Deus.
Abraços,

Pr. Edson Barbosa

wisley disse...

Bento,
Meu pai tem como um grande amigo, o Pr. Edilson Holanda Braga o qual quando chegou em Tucurui fizeram uma amizade de irmãos, mas há muito tempo não tem contato. Será que o Sr. poderia me enviar um número de contato dele?
Meu nome é Wisley de roure sou filho de Harley de Roure
meu e-mail é: wisley.roure@gmail.com

Unknown disse...

Bento,

Eu estava procurando a letra dessa música, porque a minha mãe contava o testemunho desse rapaz, o nome dele era Edivaldo, ele era do Recife-PE, da Igreja Pent Brasil para Cristo. Ele era alcoolatra e teve um encontro com Cristo, e compos esse hino, que parece que foi o único também. Mamãe conta que o testemunho dele era tremendo, a igreja toda se derramava em lágrimas. Ele morreu jovem ainda, de cancer na garganta, há pelo menos 30 anos atrás. Um grande abraço. Em Cristo, Solange.

Unknown disse...

Ola Bento tudo bem? me chamo Fran.
Entrei em seu blog, buncando através de inumeras pesquisa esse hino que cantou em seu apelo. pois passei minha infancia ouvindo a minha vozinha Alexandrina Alzira mais de 30 anos evangelica a susurar e cantarolar esse hino. Ha que saudade dela, mulher de Deus, humilde e dedicada a obra e em ajudar aquem prescisava. Deixou um legado de Fé e mansidao.Impossivel não ler a letra e me imocionar. Mas sei que haverei novamente no paraiso. irei buscar através dos meus tios a letra completa desse hino e postarei aqui...para que todos vejam o quanto Deus é maravilhoso e nos toca com hino lindo de testemunho.
Deus seja louvado!
abraços

Anônimo disse...

Estou mto feliz! Li esse artigo pq procurava por essa canção na web a pedido de minha mãe (sem acreditar que alguém poderia conhecê-la) e acabei encontrando aqui. Pelo que sei, e sempre soube, o compositor deste hino foi o meu vô. O pastor pernambucano José Sidronio dos Santos, falecido há MTS anos. Conheço mto bem a melodia pq minha mãe nunca esqueceu e sempre e com frequência lembra do pai e das canções e poesias que ele como ela diz, ele "tirava". A minha mãe, sempre canta essa e outras canções de meu vô e até hj ao lembrar, chora e afirma ser ele o compositor.