Gostei dessa expressão do idioma Inglês moderno desde que a ouvi pela primeira vez. PLASTIC PEOPLE (Gente de Plástico, daqui por diante), fora do contexto de pessoas que trabalham com objetos de plástico, parece ter sido usado, no início, para designar pessoas que teriam se submetido a cirurgias plásticas.
Logo em seguida, “Gente de Plástico” passou a significar gente que não fosse autêntica. Também ganhou o significado de pessoas que se “quebram” facilmente. Enfim, “Gente de Plástico” é gente que não suporta as agruras da vida e cuja imagem exterior não representa o que se é na verdade.
Um garoto que morava na mesma rua da casa de meu avô parece ter sido o primeiro participante que eu conheci desse grupo de “Gente de Plástico”. Certo dia eu fui convidado para brincar com aquele garoto, na casa dele, pois, ele era filho único e os pais dele não permitiam que ele brincasse, na rua, com os demais garotos da vizinhança.
Enquanto meu único brinquedo era um estilingue, aquele garoto tinha um quarto abarrotado de brinquedos. Eram tantos os brinquedos que o guarda-roupa e a cama dele ficavam em outro quarto. Eu não gostei de brincar com aquele garoto. Pra falar a verdade, eu só fui na casa dele uma vez. Não quis mais brincar com aquele garoto por uma razão simples: os brinquedos dele eram todos de plástico. Ele possuía exércitos de plástico. Carros de plástico. Casas de plástico. Carros de plástico. Heróis de plástico. Animais de plástico.
A única coisa de plástico com a qual eu gostava de brincar com meus amigos era uma bola “dente de leite”. Os pássaros que eu capturava e criava eram de verdade. Eu caçava animais de verdade com o meu estilingue. As batalhas que eu travava com os meus amigos, tanto no futebol quanto em pequenas lutas, eram de verdade. Por isso, nunca me encantei com aqueles bonecos e brinquedos de plástico.
Anos depois, fiquei sabendo o motivo daquele garoto ter todos aqueles brinquedos de plástico e não ter permissão para brincar com os demais garotos: os pais dele eram membros de uma igreja evangélica e não desejavam que o filho se misturasse ou se contaminasse com as pessoas e os costumes do mundo.
Foi por causa desse episódio que eu percebi que não só existe “Gente de Plástico”, mas também pessoas a quem eu chamei de “Cristãos de Plástico”.
Certa vez, numa grande capital brasileira, me perguntei se não estava vendo “Cristãos de Plástico” fazendo um “Evangelismo de Plástico”. Eu estava numa grande praça e vi quando eles chegaram, Era um grupo de cerca de vinte pessoas. Tocaram instrumentos. Cantaram canções. Fizeram orações. Disseram algumas palavras. Só conversaram entre si e não se dirigiram a qualquer pessoa que estava na praça.
Um homem que precisava de um vale-transporte se dirigiu a vários deles e sempre teve um não como resposta. Escutei que eles falavam sobre as demais atividades religiosas que ainda teriam que participar naquele dia. Depois, eles foram embora.
Aquele que pedia um vale-transporte veio até um outro homem que estava sentado ao meu lado. Depois de trocarem algumas palavras, o meu vizinho deu um vale-transporte ao que pedia. “Vá com Deus” e “Deus lhe pague”, foram as palavras finais que eles disseram um ao outro. Não pude deixar de confrontar aquilo tudo que eu presenciara com as palavras escritas pelo apóstolo Tiago em sua epístola:
Minhas irmãs e meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo? Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer. Se vocês não lhes dão o que eles precisam para viverem, não adianta nada dizer: "Que Deus os abençoe! Vistam agasalhos e comam bem." Portanto, a fé é assim: Se não vier acompanhada de ações, é coisa morta. (Tiago 2:14-17)
Apesar de ter vivido numa época em que o plástico ainda não existia, o apóstolo Tiago já conhecia os “Cristãos de Plástico”. Esses eram os que “diziam” ter Fé, contudo, eram incapazes de por em prática a Fé que “diziam” possuir.
Fé é algo invisível!
Ninguém é capaz de mostrar a Fé!
Portanto, a Fé só pode ser demonstrada através de ações!
Os “Cristãos de Plástico” dizem ter Fé. Suas ações, ou melhor, a falta de suas ações prova que eles não possuem Fé.
Para compensar essa ausência de Fé genuína, os “Cristãos de Plástico” se contentam em alardear a Fé deles. Em contrapartida, “Cristãos Genuínos” transformam sua Fé em ações – como fez aquele homem que deu o vale-transporte ao necessitado.
O mais incrível é que em nome da “defesa da Fé” – como se a Fé precisasse de defesa – alguns Cristãos se envolvem em “Questões de Plástico”. Afinal, que nome se poderia dar à cruzada de grupos cristãos contra a Mattel – fabricante da boneca Barbie?
Em fevereiro último, num lance de marketing, a Mattel resolveu que a boneca Barbie e o namorado, Ken, juntos há 43 anos, iriam se separar. Se já havia inúmeras reclamações de uma versão da Barbie que usava lingerie sensual, imagine o que não aconteceu com o “divórcio” do casal de bonecos de plástico?
Isso mesmo que você está pensando!
“Cristãos de Plástico” gritaram e espernearam contra uma “Questão de Plástico” em defesa de uma “Fé de Plástico!”
Que Deus nos livre dessas “coisas de plástico!”
Abraço,
Bento Souto
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