sexta-feira, outubro 21, 2011

O FAMOSO DISCURSO “ENCHENDO LINGUIÇA”

enchendo linguiça

Já cansou de ouvir aqueles discursos bonitos mas que nada dizem? Quer saber a fonte onde bebem os oradores desses discursos? Leia o texto, abaixo, e aprenda a reconhecer – e também como se faz – um autêntico discurso que só “enche linguiça”.

Guia de discurso para uso de tecnocratas principiantes


O manual universal do Discurso Político-Tecnocrático, a seguir apresentado, foi originalmente publicado pela "Zyele Warsawy" (revista de Varsóvia), periódico do governo polonês, e se constituiu num mecanismo que desmascarava a superficialidade e a falta de conteúdo da linguagem oficial.

A maneira de empregá-lo é muito simples: inicia-se sempre o discurso pela 1.ª casa da 1.ª coluna, passando-se a seguir para qualquer outra casa da 2.ª coluna, depois para qualquer outra casa da 3.ª coluna, depois para a 4.ª coluna, voltando em seguida para qualquer outra casa da 1.ª coluna (exceto a 1.ª casa), e assim por diante, de coluna em coluna, sem importar a casa escolhida em cada coluna, apenas mantendo-se a ordem I, II, III, IV. São possíveis 10.000 combinações para um discurso pomposo e totalmente inócuo de até 40 horas.

I
II
III
IV
Caros colegas, a execução das metas do programa nos obriga à análise das condições financeiras e administrativas exigidas
Por outro lado, a complexidade dos estudos efetuados cumpre um papel essencial na formulação das diretrizes de desenvolvimento para o futuro
Assim mesmo, a constante expansão de nossa atividade exige a precisão e a definição do sistema de participação
No entanto, não podemos nos esquecer que a estrutura atual da organização auxilia a preparação e a composição das posturas dos órgãos dirigentes com relação às suas atribuições
Do mesmo modo, o novo modelo estrutural aqui preconizado garante a contribuição de um grupo importante na determinação das novas proposições
A prática cotidiana prova que o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação assume importantes posições no estabelecimento das direções preferenciais no sentido do programa
Nunca é demais provar o peso destes problemas, uma vez que a constante divulgação de informações facilita a criação do sistema de formação de quadros que corresponda às necessidades
As experiências acumuladas demonstram que a consolidação das estruturas obstaculiza a apreciação da importância das condições inegavelmente apropriadas
Acima de tudo, é fundamental ressaltar que a consulta aos diversos militantes oferece uma interessante oportunidade para verificação dos índices pretendidos
O incentivo no avanço tecnológico, assim como o início da atividade geral de formação de atitudes acarreta um processo de reformulação e modernização das formas de acão


Enviado por Daniel Francisco Mello

Beijão

Bento Souto

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sexta-feira, outubro 14, 2011

FESTIVAL DE BESTEIRA QUE ASSOLA O PAÍS (FEBEAPA)

febeapa

O Festival de Besteira Que Assola o País

Stanislaw Ponte Preta
(Sérgio Porto)


Disse Stanislaw no FEBEAPA 2:


"É difícil ao historiador precisar o dia em que o Festival de Besteira começou a assolar o País. Pouco depois da "redentora", cocorocas de diversas classes sociais e algumas autoridades que geralmente se dizem "otoridades", sentindo a oportunidade de aparecer, já que a "redentora", entre outras coisas, incentivou a política do dedurismo (corruptela de dedo-durismo, isto é, a arte de apontar com o dedo um colega, um vizinho, o próximo enfim, como corrupto ou subversivo — alguns apontavam dois dedos duros, para ambas as coisas), iniciaram essa feia prática, advindo daí cada besteira que eu vou te contar".

Vamos a algumas amostras:

"O mal do Brasil é ter sido descoberto por estrangeiros" (Deputado Índio do Brasil, Assembléia do Rio).


O cidadão Aírton Gomes de Araújo, natural de Brejo Santo, no Ceará, era preso pelo 23.º Batalhão de Caçadores, acusado de ter ofendido "um símbolo nacional", só porque disse que o pescoço do Marechal Castelo Branco parecia pescoço de tartaruga e logo depois desagravava o dito símbolo, quando declarava que não era o pescoço de S. Exa. que parecia com o da tartaruga: o da tartaruga é que parecia com o de S. Exa.


Cerca de 51 bandeiras dos países que mantêm relação com o Brasil foram colocadas no Aeroporto de Congonhas. O Secretário de Turismo de São Paulo — Deputado Orlando Zancaner — quando inaugurou a ala das bandeiras, disse que "era para incrementar o turismo externo".


Quando a Censura Federal proibiu em Brasília a encenação da peça Um Bonde Chamado Desejo, a atriz Maria Fernanda foi procurar o Deputado Ernani Sátiro para que o mesmo agisse em defesa da classe teatral. Lá pelas tantas, a atriz deu um grito de "viva a Democracia". O senhor Ernani Sátiro na mesma hora retrucou: "Insulto eu não tolero".


O Diário Oficial publica "Disposições de Seguros Privados" e mete lá:   "O Superintendente de Seguros Privados, no uso de suas atribuições, resolve (...), "Cláusula 2 — Outros riscos cobertos — O suicídio e tentativa de suicídio — voluntário ou involuntário".


Em Niterói o professor Carlos Roberto Borba iniciou ação de desquite contra a professora Eneida Borba, alegando que sua esposa não lhe dá a menor atenção e recebe mal seus carinhos quando é hora de programas de Roberto Carlos na televisão. A professora vai aprender que mais vale um Carlos Roberto ao vivo que um Roberto Carlos no vídeo.


Colhemos num coleguinha do Jornal do Brasil: 
"O General José Horácio da Cunha Garcia fez uma firme apologia da Revolução e manifestou-se contrariamente às teses de pacificação, bem como condenou o abrandamento da ação revolucionária. O conferencista foi aplaudido de pé". O distraído Rosamundo leu e, na sua proverbial vaguidão, comentou: "Não seria mais distinto se aplaudissem com as mãos?".


Enquanto o Marechal Presidente declarava que em hipótese alguma permitiria fosse alterada a ordem democrática por estudantes totalitários, insuflados por comunistas notórios, quem passasse pela Cinelândia no dia 1.º de abril depararia com o prédio da assembléia Legislativa totalmente cercado por tropas da Polícia Militar. Na certa, a separação de poderes, prevista na Constituição, passará a ser feita com cordão de isolamento e muita cacetada.
 

Notícia publicada pelo jornal O Povo, de Fortaleza (CE): "O Dr. Josias Correia Barbosa, advogado e professor, esteve à beira de um IPM (Inquérito Policial Militar) por haver passado um telegrama para sua sobrinha Loberi, em Salvador, comunicando-lhe que a bicicleta e as pitombas tinham seguido. Houve diligencias pelas vizinhanças, parentes foram procurados e outras providências tomadas. Passados dois dias, soube o Dr. Josias que o despacho telegráfico não fora transmitido porque um James Bond do DCT (Departamento de Correios e Telégrafos) estranhara os termos "bicicleta", "pitombas" e "Loberi", que "deviam ser de um código secreto".


"Os jornalistas deveriam apanhar da polícia não só durante a passeata, mas antes também. Eles são incapazes de reconhecer o valor da polícia. Os fotógrafos, por exemplo, nunca fotografam os estudantes batendo no policial". Essa declaração foi feita pelo Secretário de Segurança de Minas Gerais, coronel Joaquim Gonçalves.


A peça "Liberdade, Liberdade" estreou em Belo Horizonte e a Censura cortou apenas a palavra prostituta, substituindo-a pela expressão: "Mulher de vida fácil", o que, na atual conjuntura, nos parece um tanto difícil. Ninguém mais tá levando vida fácil. 


Segundo Tia Zulmira "o policial é sempre suspeito" e — por isso mesmo — a Polícia de Mato Grosso não é nem mais nem menos brilhante do que as outras polícias. Tanto assim que um delegado de lá, terminou seu relatório sobre um crime político, com estas palavras: "A vítima foi encontrada às margens do riu sucuriu, retalhada em 4 pedaços, com os membros separados do tronco, dentro de um saco de aniagem, amarrado e atado a uma pesada pedra. Ao que tudo indica, parece afastada a hipótese de suicídio".


Em Campos (RJ) ocorria um fato espantoso: a Associação Comercial da cidade organizou um júri simbólico de Adolph Hitler, sob o patrocínio do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito. Ao final do julgamento Hitler foi absolvido.


A mini-saia era lançada no Rio e execrada em Belo Horizonte, onde o Delegado de Costumes (inclusive costumes femininos), declarava aos jornais que prenderia o costureiro francês Pierre Cardin (bicharoca parisiense responsável pelo referido lançamento), caso aparecesse na capital mineira "para dar espetáculos obscenos, com seus vestidos decotados e saias curtas". E acrescentava furioso: "A tradição de moral e pudor dos mineiros será preservada sempre". Toda essa cocorocada iria influenciar um deputado estadual de lá — Lourival Pereira da Silva — que fez um discurso na Câmara sobre o tema "Ninguém levantará a saia da Mulher Mineira". 


Em Brasília, depois de um dos maiores movimentos do Festival de Besteira, que bagunçou a Universidade local, o Reitor Laerte Ramos — figurinha que ama tanto uma marafa que cachaça no Distrito Federal passou a se chamar "Reitor" — nomeava um professor para a cadeira de Direito Penal.  O ilustre lente nomeado começou com estas palavras a sua primeira aula: "A ciência do Direito é aquela que estuda o Direito".


A Igreja se pronunciou, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sobre recentes publicações pretensamente científicas, "que abordam problemas relacionados ao sexo com evidente abuso". O documento não explicou se o abuso era do problema ou se o abuso era do sexo. Em compensação, nessa mesma conferência, Dom José Delgado, Arcebispo de Fortaleza, dava entrevista à Agência Meridional sobre pílulas anticoncepcionais, uma pílula formidável para fazer efeito no Festival de Besteira. Como se disse bobagem sobre o uso ou não da pílula, meus Deus!!! Dom Delgado, por exemplo, dizia: "A protelação do casamento é a única conclusão a que chego, atualmente, para a planificação da família e o controle da natalidade. E, depois disso, só existe um caminho seguro: o da continência na vida conjugal". Como vêem, o piedoso sacerdote era um bocado radical e queria acabar com a alegria do pobre. Ainda mais, falando em sexo e em continência na vida conjugal, deixou muito cocoroca achando que, dali por diante, era preciso bater continência para o sexo também.


Textos extraídos dos livros "O Festival de Besteira que Assola o País", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1966, "2.º Festival de Besteira que Assola o País", Editora Sabiá - Rio de Janeiro, 1967, e "Na Terra do Crioulo (A máquina de fazer) Doido - FEBEAPA 3", Editora Sabiá - Rio de Janeiro,  1968, págs. diversas.

Sérgio Porto (1923–1968), que usava o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, criou as mais engrançadas crônicas, criou moda, criou até muito da gíria que usamos até hoje.

Bento Souto

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sexta-feira, outubro 07, 2011

EU NÃO QUERO SER “DOUTOR EM BÍBLIA”

 doutor em biblia

Quando eu estudava Inglês numa escola em Boca Raton, na Flórida, nos Estados Unidos, uma das tarefas escolares era escrever uma redação a cada semana para acompanhar a melhora no domínio do idioma.

Certo dia eu escrevi uma redação cujo título era "EU NÃO QUERO APRENDER INGLÊS". Nela, eu dizia que se aprender Inglês fosse me fazer perder a harmonia existente no convívio com os demais alunos, eu não queria aprender Inglês.

A razão era simples, na minha classe havia gente de vários países e de diferentes culturas e religiões. Judeus, Muçulmanos, Católicos, Ateus, Evangélicos, Comunistas, etc, e todos conviviam pacíficamente. Eu trabalhava em um grande Cinema e trazia todos os dias um saco com mais de 100 litros de pipoca para distribuir entre os alunos. Ali, em volta de um gigantesco saco de pipocas, nós trocávamos amabilidades – gestos simples como oferecer um copo dágua, por exemplo – na maioria das vezes, sem quaisquer palavras, pois nosso domínio do Inglês ainda era muito básico.

Portanto, dizia eu na minha redação, se aprender Inglês fosse servir para ficar com porfias de palavras e argumentos tolos, eu preferia ficar sem aprender o Inglês. Prefiria continuar falando a linguagem universal do Amor, reconhecida como linguagem, mesmo sem palavras, do que aprender um novo idioma para deixar de amar.

Hoje, escrevo essa "redação" para dizer também que eu não quero ser "Doutor em Bíblia".

Se ser "doutor em Bíblia" significa ensinar que Deus só tem filhos dentre os adeptos do Cristianismo, eu não quero ser "doutor em Bíblia".

Se ser "doutor em Bíblia" significa ensinar que a Mulher é um ser inferior ao Homem e que, por isso, não pode desempenhar certas funções "espirituais", eu não quero ser "doutor em Bíblia".

Se ser "doutor em Bíblia" significa ensinar que os Homens foram divididos em Castas, tendo uns acesso a Deus mais facilmente que outros, eu não quero ser "doutor em Bíblia".

Se ser "doutor em Bíblia" significa ensinar que é necessário obedecer muitas "doutrinas", conhecer as opiniões de vários outros "doutores em Bíblia", mas agir de tal forma que os “analfabetos em Bíblia” não enxerguem Jesus na minha vida, eu não quero ser "doutor em Bíblia".

Hoje, aos cinquenta anos de idade, eu estou plenamente satisfeito em saber apenas o básico que foi ensinado por Jesus a um “doutor em Bíblia”, que foi o seguinte:

“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”

Entretanto, como ainda assim é possível complicar uma coisa tão simples como essa, eu prefiro o mais básico ainda, que segundo Jesus é:

“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.”

E isso, eu não quero apenas saber, mas é algo que quero que Deus me ajude a praticar em todos os dias que me restam aqui na terra.

Bjs

Bento Souto

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